Author(s):
Mendes, Filipa Dias ; Sousa, Mauro ; Silva, Sofia
Date: 2025
Origin: Revista Portuguesa de Cirurgia
Subject(s): Biliary Tract Surgical Procedures; Cholangiography; Cholecystectomy, Laparoscopic/education; Clinical Competence; Curriculum; Education, Medical, Graduate; Internship and Residency; Colangiografia; Colecistectomia Laparoscópica/educação; Competência Clínica; Currículo; Educação de Pós‑Graduação em Medicina; Internato e Residência; Procedimentos Cirúrgicos do Trato Biliar
Description
Introduction: Biliary surgeries present a challenge in general surgery training. Increased exposure to laparoscopic techniques, coupled with a decline in experience with open procedures and more complex biliary interventions, has become a point of concern for general surgery residency programs. The objectives of this article are to assess the biliary surgery experience of general surgery residents across Portugal, compare it with the training in other Western countries, and evaluate differences between the curricula of residents trained in central hospitals and those in district hospitals. Methods: An analysis was conducted using data from an online questionnaire administered to general surgery residents in Portugal in 2023. Results: Out of 93 residents with more than one year of experience, 63 were in their final three years of residency (68%). The majority were from district hospitals (61, 66%). While 88 residents had assisted in an open cholecystectomy, only 63 (72%) had performed one, with most being in their final years of training. Only 28 residents (32%) felt confident in performing this procedure. 88 residents had performed a laparoscopic cholecystectomy, 59 (67%) completed more than 20, including two residents in their second year (R2Y). Fifty ‑seven residents had converted a laparoscopic cholecystectomy, and 8 were unable to complete the surgery. In cases requiring conversion, most residents employed a “fundus ‑first” technique. When faced with a challenging laparoscopic case, 10 residents (11%) would choose to convert, while 60 (64%) preferred performing a laparoscopic subtotal cholecystectomy, and 23 (25%) favored the laparoscopic “fundus ‑first” approach. Thirty ‑four residents had performed intraoperative cholangiograms, with 32 (94%) doing so electively. Seventeen residents had performed biliary tree exploration, and 9 had performed a biliodigestive anastomosis. All respondents agreed on the need for further training in biliary surgery. Conclusion: There is widespread concern about the lack of experience with cholangiography and bile duct exploration, highlighting the need for practical training tools to improve residents’ proficiency in these critical areas.
Introdução: As cirurgias biliares representam um desafio no treino da cirurgia geral. O aumento da exposição a intervenções laparoscópicas, aliado ao declínio na prática de procedimentos abertos e à crescente realização de intervenções biliares mais complexas, tornaram‑se um foco de preocupação para os programas de internato em cirurgia geral. Os objetivos deste artigo são avaliar a experiência em cirurgia biliar dos internos de cirurgia geral em Portugal, compará‑la com a formação noutros países ocidentais e avaliar as diferenças entre os currículos dos internos formados em hospitais centrais e os dos hospitais distritais. Métodos : Foi realizada uma análise a partir de dados de um questionário online aplicado a internos de formação específica de cirurgia geral em Portugal em 2023. Resultados: Dos 93 internos com mais de um ano de experiência, 63 estavam nos últimos três anos de residência (68%). A maioria era proveniente de hospitais distritais (61, 66%). Embora 88 internos tenham assistido a uma colecistectomia aberta, apenas 63 (72%) a realizaram, sendo a maioria nos últimos anos de formação. Apenas 28 internos (32%) se sentiram confortáveis na realização deste procedimento. 88 internos realizaram colecistectomias laparoscópicas, 59 (67%) completaram mais de 20, incluindo dois internos no segundo ano (R2Y). 57 internos converteram uma colecistectomia laparoscópica e 8 não conseguiram concluir a cirurgia. Nos casos que exigiam conversão, a maioria dos internos empregava uma técnica de “fundo primeiro”. Quando confrontados com um caso laparoscópico desafiador, 10 internos (11%) optariam pela conversão, enquanto 60 (64%) prefeririam realizar uma colecistectomia subtotal laparoscópica e 23 (25%) prefeririam a abordagem laparoscópica “fundo primeiro”. Trinta e quatro internos realizaram colangiografias intraoperatórias, sendo que 32 (94%) o fizeram de forma seletiva. Dezassete internos realizaram exploração das vias biliares e 9 realizaram anastomose biliodigestiva. Todos os entrevistados concordaram com a necessidade de treinamento adicional em cirurgia biliar. Discussão: A experiência dos internos em cirurgia biliar é predominantemente limitada à colecistectomia laparoscópica, uma vez que procedimentos biliares mais complexos raramente são realizados por eles, refletindo tendências em outros países. Os internos dos hospitais centrais geralmente têm mais exposição a cirurgias abertas, começam a operar mais cedo e tendem a estar mais confiantes com o procedimento em comparação com os seus homólogos dos hospitais distritais, no entanto, no último ano, a diferença diminui. No que diz respeito à colecistectomia laparoscópica, os internos dos hospitais centrais alcançaram volumes cirúrgicos mais elevados mais cedo do que os dos hospitais distritais (particularmente no segundo e terceiro anos), mas os internos dos hospitais distritais recuperam nos últimos anos. As taxas de conversão foram mais elevadas nos hospitais centrais durante o quarto e quinto anos (R4Y e R5Y), enquanto os hospitais distritais apresentaram taxas mais elevadas durante o segundo e sexto anos (R2Y e R6Y). Esta disparidade pode ser atribuída à exposição precoce a procedimentos complexos. Existe uma preocupação generalizada sobre a falta de experiência com colangiografia e exploração das vias biliares, destacando a necessidade de ferramentas práticas de formação para melhorar a proficiência dos internos nestas áreas críticas.