Author(s):
Godinho, Paula
Date: 2019
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10362/104685
Origin: Repositório Institucional da UNL
Project/scholarship:
info:eu-repo/grantAgreement/FCT/5876/147250/PT;
Subject(s): mercantilização; Festas; ciclo de inverno; Trás-os-Montes; emblematização
Description
UID/HIS/04209/2019
No nordeste de Portugal, em várias povoações de Trás-os-Montes, as cerimónias do ciclo de Inverno revestem-se de forte espetacularidade. Envolvem comensalidade coletiva —restrita a alguns segmentos sociais, ou generalizada -, missas, peditórios, bailes, provas de destreza física e manifestações de crítica social. Num tempo longo, associado à agricultura, as festas de Inverno constituíram um momento de introspeção das aldeias, circunscrito no tempo. Eram um contraponto às festas de verão, de grande abertura às aldeias vizinhas, durante as quais as povoações se assumiam como anfitriãs. Num meio em que o rural se tornou pouco agrícola, mas ainda não é outra coisa, drenado por fluxos de gente que emigra e estuda fora, essa festa rural do passado assume hoje novos formatos. O objetivo deste texto é interrogar, num tempo longo, a relação entre “fora” e “dentro”, inserindo as cerimónias do ciclo de Inverno num processo. Procuro responder ao aparente paradoxo entre a diminuição do número de residentes e o crescendo de participação na festa e nas suas derivações, nomeadamente nos cortejos realizados em pontos vários de Portugal e da Europa. O meu argumento central baseia-se nas apropriações da cultura popular em situações diferenciadas e contemporâneas, reenviando para a coexistência e a transição entre tipos de conexão com as celebrações.