Author(s):
Oliveira, Manuela Morilleau de
Date: 2018
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10362/68147
Origin: Repositório Institucional da UNL
Project/scholarship:
info:eu-repo/grantAgreement/FCT/5876/UID%2FEAT%2F00693%2F2013/PT;
Subject(s): Época Moderna; Poder; Monarquia; Princesa; Música
Description
UID/EAT/00693/2013 PD/BD/114396/2016
A festa, enquanto campo de investigação vasto e multidisciplinar, seja ela profana ou religiosa, colectiva ou individual, privada ou pública, é uma realidade complexa do ponto de vista da diversidade da sua composição (saraus, danças, fogo-de-artifício, peças de teatro, jogos diversos, etc.) e dos seus significados e funções inscritos num tempo, numa sociedade e num espaço definidos. Observando as festas da realeza portuguesa, e mais concretamente as comemorações públicas quinhentistas (entradas triunfais dos reis e vice-reis, casamentos régios, partidas de infantas e princesas, entronizações de monarcas, funerais e trasladações de corpos régios), as quais constituem, como observa Ana Isabel Buescu, um elemento fundamental no âmbito das práticas rituais e comemorativas, na encenação dos poderes e nos próprios mecanismos de comunicação política dos governantes, é possível constatar que uma das componentes constantes desses eventos é a música. Nesta comunicação procura-se entender o papel da música na representação do poder monárquico (e dinástico) a partir de um evento de crucial importância política no reinado de D. João III e de D. Catarina de Áustria: a partida e a viagem de Lisboa para Salamanca, a 9 de Outubro de 1543, de D. Maria (1527-1545), princesa das Astúrias, aquando do seu consórcio com D. Filipe, príncipe das Astúrias. A partir da análise do Diario da jornada da Infanta D. Maria Princeza das Asturias [...], de D. Fernando de Meneses e Vasconcelos, arcebispo de Lisboa, que acompanhou a princesa, transcrito por D. António Caetano de Sousa, serão evidenciadas as referências aos eventos musicais vivenciados pela princesa — considerando as circunstâncias dos momentos musicais, os locais, os momentos das intervenções, os indícios das práticas em si, os “actores”, as sociabilidades associadas e o significado da intervenção musical — a fim de conhecer os usos e funções da música na representação do poder régio.