Autor(es):
Cabral, Gonçalo ; Gonçalves, Carolina ; Serôdio, Miguel ; Pelejão, Rita
Data: 2025
Origem: SINAPSE
Assunto(s): Migraine Disorders/diagnosis; Migraine Disorders/prevention and control; Migraine Disorders/therapy; Enxaqueca/diagnóstico; Enxaqueca/prevenção e controlo; Enxaqueca/tratamento
Descrição
Introduction: In this study, we aimed to compare clinical characteristics and treatment responses in patients with migraine with occipital pain and those with non-occipital pain. We hypothesized that the area of pain could influence clinical features and treatment responses. Methods: We conducted a retrospective review of patients diagnosed with episodic or chronic migraine who attended a Neurology (Headache) outpatient clinic between January 2022 and December 2024. Patients were divided into two groups: Group 1 (People with migraine with occipital pain) and Group 2 (People with migraine with non-occipital pain). Data were collected on demographic characteristics, clinical features, and treatment responses. Results: A total of 100 patients were enrolled, with 50 included in Group 1 [39 patients (78%) with episodic migraine; 40 (80%) females], and 50 patients included in Group 2 [40 patients (80%) with episodic migraine; 43 (86%) females]. No significant difference was found in gender distribution (p=0.603), age of migraine onset (p=0.904), or time until diagnosis (p=0.205). Group 1 had more frequent bilateral pain (50% vs 38%, p=0.003) and a higher mean of migraine days per month (11 vs 6, p=0.004). Similar proportions of patients started oral preventive treatment (70% vs 80%, p=0.248). In Group 1, the most prescribed drug was amitriptyline, while in Group 2, it was topiramate. Group 1 had higher treatment failure rates than Group 2 (70% vs 31%, p<0.001). After adjusting for monthly migraine frequency, occipital pain remained independently associated with a poorer response to preventive treatment (adjusted OR = 0.33; 95% CI: 0.14–0.77; p=0.01). Conclusion: Patients with occipital migraine experience more bilateral pain, migraine frequency, and higher treatment failure rates. These findings suggest the need for tailored treatment strategies based on migraine pain localization.
Introdução: Este trabalho tem como objetivo comparar as características clínicas e as respostas ao tratamento em doentes com enxaqueca com dor de localização occipital versus não occipital, tendo por hipótese que a área da dor pode influenciar as características dos doentes bem como a resposta ao tratamento. Métodos: Foi realizada uma análise retrospetiva de doentes com diagnóstico de enxaqueca episódica ou crónica, seguidos em consulta externa de Neurologia (Cefaleias) entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024. Os doentes foram divididos em 2 grupos: Grupo 1 (enxaqueca com dor occipital) e Grupo 2 (enxaqueca com dor não occipital). Foram recolhidos dados demográficos, clínicos e relativos à resposta ao tratamento. Resultados: Foram incluídos um total de 100 doentes, sendo que 50 foram incluídas no Grupo 1 [39 doentes (78%) com enxaqueca episódica; 40 (80%) do sexo feminino] e 50 foram incluídas no Grupo 2 [40 doentes (80%); 43 (86%) do sexo feminino]. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas na distribuição por género (p=0,603), idade de início da enxaqueca (p=0,904) ou tempo até ao diagnóstico (p=0,205). O Grupo 1 apresentou com maior frequência dor bilateral (50% vs 38%, p=0,003) e uma média mais elevada de dias com enxaqueca por mês (11 vs 6, p=0,004). Proporções semelhantes de doentes iniciaram tratamento com preventivo oral (70% vs 80%, p=0,248). A amitriptilina foi o fármaco mais usado no Grupo 1, enquanto que o topiramato foi o preventivo mais utilizado no Grupo 2 A taxa de insucesso terapêutico foi superior no Grupo 1 (70% vs 31%, p<0,001). Após ajustamento para a frequência mensal de enxaquecas, a dor occipital manteve-se associada de forma independente a uma menor resposta ao tratamento preventivo (OR ajustado = 0,33; IC 95%: 0,14–0,77; p=0,01). Conclusão: Os doentes com enxaqueca de localização occipital apresentam maior frequência de dor bilateral, maior frequência mensal de enxaquecas e taxas mais elevadas de insucesso terapêutico. Estes dados sugerem a necessidade de estratégias terapêuticas adaptadas à localização da dor da enxaqueca.