Author(s): Dozol, Marlene de Souza ; Reis, Lia Presgrave
Date: 2020
Origin: Oasisbr
Subject(s): Sentimento de existência; Autobiografia; Autoformação; Rousseau, Jean-Jacques (1712-1778)
Author(s): Dozol, Marlene de Souza ; Reis, Lia Presgrave
Date: 2020
Origin: Oasisbr
Subject(s): Sentimento de existência; Autobiografia; Autoformação; Rousseau, Jean-Jacques (1712-1778)
The Rousseaunian work embodies the feeling of existence when solitude appears in the expressive form observed in the following autobiographical works of the philosopher: Reveries of a Solitary Walker, The Confessions and Dialogues: Rousseau, Judge of Jean-Jacques. Faced with the historical impossibility of recovering the lost unity in the mask of social relations and of achieving the happiness that mundane life had not afforded him, Jean Jacques turns to interiority by choosing isolation as an existential condition. Unable to transform the outer world, his resource is inner reform aiming for individual redemption. Our interest in Rousseau's work focuses on its dislocation begun as a philosophy of universal history towards a literature that imprints an “existential experience” (STAROBINSKI, 2011, p. 52). According to Burgelin (1978), Starobinski (2011) and Prado Jr. (2008) which consider Rousseau a precursor of the philosophies of existence, we intend to highlight this approach to existence in the Rousseaunian literary and autobiographical work, placing it as a philosophical problem to extract from it a philosophical educational problem that concerns self-formation. We intend to emphasize the view of an author character examining his vital experience and that, by identifying crucial and trivial situations, transforms them into the raw material for his thinking, philosophizing, and making of himself. We conclude that solitude for Rousseau is also a resource for the making of himself in both life and work. In autobiographical texts, solitude is a means for the individual to undertake the aesthetic examination of consciousness in order to better understand himself. We also conclude that the feeling of existence is equivalent to the awareness of existence, which, encompassing reason and feeling, means intention and attitude that find in language their most recurrent possibility of expression. Thus, in Rousseau’s work the feeling of existence establishes our existence in the sense that from it emerges self consciousness whose intensification needs solitude to exalt the feeling of existence. Rousseau's concept of existence is relevant only if understood in the concreteness of a feeling of existing in the context of the human condition of being in the world experiencing and inquiring into existence itself.
A obra rousseauniana encarna o sentimento de existência quando a solidão aparece da forma expressiva observada n’Os Devaneios do caminhante solitário, nas Confissões e nos Diálogos: Rousseau, juiz de Jean-Jacques, obras autobiográficas do filósofo. Diante da impossibilidade histórica de recuperar a unidade perdida na máscara das relações sociais e de alcançar a felicidade que a vida mundana não lhe havia proporcionado, Jean-Jacques volta-se para a interioridade, escolhendo o isolamento como condição existencial. Na impossibilidade de transformar o mundo exterior, recorre à reforma interior visando à redenção individual. Nosso interesse na obra de Rousseau se concentra no deslocamento desta, começada como uma filosofia da história universal em direção a uma literatura que imprime uma “experiência existencial” (STAROBINSKI, 2011, p. 52). Conforme Burgelin (1978), Starobinski (2011) e Prado Jr. (2008), os quais consideram Rousseau um precursor das filosofias da existência, intencionamos destacar essa abordagem para a existência na obra literária e autobiográfica rousseauniana, colocando-a como problema filosófico para daí extrair um problema filosófico-educacional concernente à autoformação. Pretendemos enfatizar a visão de um autor-personagem examinador de sua experiência vital e que, ao identificar situações cruciais e banais, transforma-as em matéria-prima para seu pensamento, para o filosofar e para a confecção de um si mesmo. Concluímos que a solidão para Rousseau é também um recurso para a fabricação do “eu” tanto na vida quanto em sua obra. Nos textos autobiográficos, a solidão é um meio para o indivíduo empreender o exame estético de consciência intencionando melhor compreender a si mesmo. Concluímos igualmente que o sentimento de existência equivale à consciência de existir, a qual, abrangendo razão e sentimento, significa intenção e atitude que encontram na linguagem sua possibilidade mais recorrente de expressão. Desse modo, o sentimento de existir instaura nossa existência no sentido de que dele emerge a consciência de si cuja intensificação, em Rousseau, necessita da solidão para exaltar o sentimento de existência. O conceito de existência em Rousseau somente adquire a devida relevância se entendido na concretude de um sentimento de existir no contexto da condição humana de um estar no mundo que vivencia e indaga a própria existência.