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Caracterização química e avaliação da actividade biológica da framboesa (Rubus idaeus L.). Contribuição para o desenvolvimento de uma alegação de saúde

Author(s): Correia, Maria Madalena Morais Bettencourt da Câmara

Date: 2016

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.26/12126

Origin: Egas Moniz - Cooperativa de Ensino Superior, CRL

Subject(s): Framboesa vermelha; compostos fenólicos; antocianinas; elagitaninos; atividade antioxidante; artrite reumatóide; stresse pós prandial; atividade anti-inflamatória; alegações de saúde


Description

Tese elaborada para a obtenção do grau de Doutor em FARMÁCIA, especialidade Bromatologia, apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

"As doenças crónicas, atualmente a principal causa de morte em todo o mundo, têm aumentado dramaticamente consequência das modificações de estilos de vida, nomeadamente sedentarismo, níveis elevados de stresse e alterações na dieta. Segundo a OMS estas mortes prematuras podem ser prevenidas. A promoção de hábitos alimentares saudáveis, tais como o aumento da ingestão de frutas e produtos hortícolas, a principal fonte de (poli)fenóis bioativos, constitui uma via para a proteção da saúde das populações. A framboesa vermelha (Rubus idaeus L.) é um fruto de produção recente em Portugal. Este pequeno fruto vermelho constitui uma fonte dietética de compostos bioativos, incluindo compostos fenólicos, antocianinas e elagitaninos, que têm demonstrado atividades biológicas antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana, antiproliferativa e anticancerígena, entre outras. Existem alguns estudos sobre os efeitos fisiológicos destes frutos mas poucos foram realizados em animais e humanos, e tendo isso em consideração o nosso estudo teve por objetivo a caracterização química e biológica de frutos de Rubus idaeus L. produzidos em território nacional visando dar um contributo para o desenvolvimento de uma alegação de saúde. Assim, amostras de frutos de Rubus idaeus L. da região de Odemira, Alentejo Litoral, foram caracterizadas quimicamente: genótipos distintos, produzidos na zona de Odemira entre 2011 e 2013; um extrato de uma amostra de framboesas colhidas em 2010 que foi usado na avaliação da atividade biológica (capacidade antioxidante e anti-inflamatórias) in vitro e in vivo em modelos celulares e animais; uma amostra de framboesas maduras da cv. Amira ingeridas por voluntários saudáveis num estudo de intervenção nutricional (ENIH). A caracterização fenólica foi realizada em extratos (metanol e acetona) por técnicas cromatográficas e de espetrometria de massa (HPLC-DAD e LC-DAD-MS/MS, MALDI-TOF-MS) e espetrofotométricas (fenóis totais, FT, flavonóides totais, FLT, antocianinas totais, AT, taninos hidrolisáveis totais, THT, e taninos condensados totais, TCT) e a capacidade antioxidante in vitro pelos métodos ORAC e HORAC. Como referido na bibliografia, as framboesas analisadas são abundantes em compostos fenólicos, sobretudo antocianinas e elagitaninos. A aplicação da espetrometria de massa MALDI-TOF possibilitou uma obtenção rápida de espetros, tendo sido identificados 33 compostos: antocianinas, sobretudo derivados da cianidina e da pelargonidina, sanguiina H-6 e Lambertianina C, ácido elágico e derivados e derivados da quercetina, entre outros, e dos ácidos quínico e cítrico. As análises HPLC-ESI-MS/MS num equipamento do tipo triplo quadrupolo possibilitaram a identificação de maioria destes compostos e ainda de ácidos hidroxicinâmicos, de outros taninos hidrolisáveis e do ácido málico. A quantificação das amostras foi realizada por HPLC-DAD. A comparação da composição fenólica de framboesas dos 4 genótipos possibilitou a escolha da Amira para os ensaios biológicos. O extrato de Rubus idaeus L. selecionado mostrou atividade antioxidante elevada em testes in vitro, não só de avaliação de atividade antioxidante química, testes ORAC e HORAC, mas igualmente em ensaios que avaliam o mesmo efeito em meio celular como o CAC, feito em células Caco-2, e na modulação do oxidative burst dos neutrófilos. O extrato [15 mg Fenóis Totais (EAG).Kg-1] quando usado no modelo de inflamação aguda de edema induzido pela carragenina, em rato, mostrou ter um elevado efeito anti-inflamatório mas só quando foi administrado via intraperitoneal (i.p.). No modelo de inflamação crónica de artrite reumatoide (AR) induzida pelo colagénio II, o mesmo extrato administrado i.p. mas também por via oral (p.o.) mostrou ter uma potente atividade anti-inflamatória diminuindo o edema, os danos na cartilagem, o inchaço dos tecidos moles e a reabsorção óssea e reduzindo marcadamente a expressão de iNOS e de COX-2, demostrando uma proteção significativa na progressão da AR. No ENIH, pretendeu-se estudar o efeito do consumo de 150 g de framboesas, diariamente, durante 3 semanas, no stresse pós-prandial metabólico, oxidativo e inflamatório, induzido por uma refeição hipercalórica rica em gordura e açúcar (RRGA), em voluntários saudáveis. Os resultados mostraram que o consumo de framboesas evitou o decréscimo pronunciado dos níveis de HDL e, em parte, a oxidação das LDL provocados pela RRGA, diminuiu significativamente os valores basais de LDLox dos voluntários e atenuou o aumento de valor de TNF-α e de IL-6 provocados pela ingestão da mesma refeição. Os nossos resultados sugerem que a framboesa e o seu extrato fenólico podem atenuar, em certa medida, o stresse metabólico, oxidativo e inflamatório e, como tal, ter um papel importante de proteção na saúde humana. Visando dar um contributo para o desenvolvimento de uma alegação de saúde sobre framboesa ou extratos desta, ricos em compostos fenólicos, foram analisados e discutidos requisitos legais vigentes e orientações da Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos respeitantes à fundamentação científica de alegações de saúde na UE. Foram ainda identificadas as alegações de saúde autorizadas suscetíveis de serem usadas por frutos ou extratos de Rubus idaeus L."

Document Type Other
Language Portuguese
Advisor(s) Figueira, Maria Eduardo Costa Morgado; Bronze, Maria do Rosário Beja Gonzaga
Contributor(s) Repositório Comum
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