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Sensibilidade e bom senso: o sentido das relações entre crianças e adultos

Author(s): Pinto, Filipe Brás

Date: 2017

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.21/7426

Origin: Repositório Científico do Instituto Politécnico de Lisboa

Subject(s): Interação Pais-filhos; Qualidade interativa diádica; Comunicação verbal; Atividade de construção; Interaction parents-children; Dyadic interaction quality; Verbal communication; Mutual participation task


Description

Dissertação apresentada na Escola Superior de Educação de Lisboa para obtenção do grau de mestre em Ciências da Educação Especialidade Intervenção Precoce

Nas interações da criança com os adultos, as crianças aprendem a comunicar, a relacionar-se e a representar as relações sociais. Vários estudos identificam tipos de comportamentos dos Pais e da criança relacionados com estes ganhos de desenvolvimento tais como a reciprocidade e a adequação de resposta. Ainsworth, Bell & Stayton (1974) denominaram estes comportamentos de “sensíveis” e verificaram a sua associação com a qualidade da vinculação. Não obstante, a literatura continua a procurar os elementos caracterizadores desse comportamento sensível que promove o desenvolvimento infantil. O presente estudo procura contribuir para esse corpo de conhecimento: i) identificando comportamentos interativos de apoio à construção da criança praticados em díades de elevada e de baixa qualidade interativa; ii) estudando a relação entre a qualidade dos comportamentos diádicos e comportamentos interativos de apoio à construção da criança e, iii) procurando relacionar como o tipo de comunicação verbal do adulto concorre para a qualidade na interação diádica. Assim, procuramos encontrar novos descritores cartografando o comportamento sensível, recorrendo à análise do tipo de comunicação e à interação do adulto como parceiro de atividade, tanto em pais como em mães, ao nível da sensibilidade e da comunicação. A amostra é composta por 19 díades mãe-criança e 17 pai-criança. No momento da observação as crianças encontravam-se entre os 3 e 5 anos (M de anos de vida=4.08; DP=.81), não tinham problemas de desenvolvimento identificados e eram primogénitos (19 crianças tinham irmãos mais novos). Os Pais eram maioritariamente de nacionalidade portuguesa, tinham formação académica superior e menos de 35 anos. Mães, pais e crianças foram observadas independentemente, na mesma situação quasi-experimental, como parceiros numa atividade lúdica de construção. Para o efeito, foi-lhes pedido que realizassem, em 20 minutos, um produto à sua escolha com os materiais (papéis coloridos; placas de madeira; ataches etc.) e ferramentas disponibilizadas (alicate; cola quente; martelo etc.). Os dados foram cotados com escalas Tandem, MINDS e Care-Index. Os dados foram analisados quanto à associação entre a qualidade da interação diádica e o tipo de comunicação do adulto e, também, o comportamento interativo. Adicionalmente, comparámos por teste de médias os comportamentos das díades com pontuações superiores a 4 pontos, numa escala de 5, correspondentes a muito boa qualidade interativa, e os dados correspondentes a interações inferiores a 2 pontos correspondentes a interações de risco. Os resultados indicam que nas díades com melhor qualidade de interação diádica, os Pais fazem mais sugestões, mais elogios e menos críticas. Do ponto de vista do comportamento interativo dos adultos, o presente estudo é inovador ao indicar que, nas díades com melhor qualidade de interação diádica, os adultos desafiam mais a criança a experimentar novos problemas, efetuam mais perguntas que estimulam a reflexão e usam narrativas associativas (recurso à fantasia) para tematizar a atividade. O presente estudo indica que o adulto “sensível” não só dá feedback positivo e respeitador, envolvendo-se em interações recíprocas e com envolvimento afetivo, mas também confia na criança para a desafiar cognitiva e emocionalmente.

In children's interactions with adults, children learn to communicate, relate, and represent social relationships. Dyadic reciprocity, for instance, was later associated with child development outcomes. Ainsworth et al. (1974) denominated these behaviors as "sensitive" and studied their association with quality of attachment. Nonetheless, more research is necessary to capture the elements that characterize this sensitive parental behavior that promotes child development. The present study seeks to contribute to this body of knowledge: i) identifying interactive behaviors supporting the construction of the child practiced in high and low interactive quality dyads; ii) studying the relationship between the quality of dyadic behavior, interactive behaviors and the interactive behaviors supporting the child's construction; iii) trying to find how the type of adult verbal communication relates to the quality in the dyadic interaction. Thus, we aim to find new descriptors to map the sensitive behavior, using the analysis of the type of communication and the interaction of the adult as an activity partner in both parents and mothers. The sample is composed of 19 mother-child and 17 father-child dyads. Children were between 3 and 5 years old (M of years of life=4.08; SD=.81), with no identified developmental problems and were first born (19 children had younger siblings). The parents were mostly of Portuguese nationality, had higher education and less than 35 years. Mothers, parents and children were observed independently, in the same quasi-experimental situation, as partners in a playful construction activity. For this purpose, they were asked to make a product of their choice in 20 minutes with the materials (colored papers; wood boards; punnaises, etc) and tools available (pliers; silicon glue; hammer, etc.). The data were scored with Tandem, MINDS and Care-Index scales. Data were analyzed regarding the association (correlational study) of independent variables (quality of dyadic interaction) and dependent variables (adult communication type and interactive behavior). Additionally, we compared the behaviors of dyads with scores higher than 4 points on a scale of 5 corresponding to very good interactive quality and data corresponding to interactions dyads with of less than 2 points (corresponding to risk interactions). The results indicate that in dyads with better quality of dyadic interaction, parents make more suggestions, more positive feedback and negative remarks. From the point of view of the interactive behavior of adults, the present study is innovative in indicating that in dyads with better quality of dyadic interaction, adults challenge more the child to explore new problems, questions that stimulate reflection and use associative narratives and fantasies to explore problems. The present study indicates that the "sensitive" adult not only gives positive and respectful feedback, engaging in reciprocal interactions with affective involvement, but also recognize cognitively and emotional challenges to themselves by their children.

Document Type Master thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Sousa, Otília de; Sebastião, Isabel Cristina dos Santos
Contributor(s) RCIPL
CC Licence
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