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Hidroeletricidade e identidade social: A técnica como memória barragista (Picote, Trás-os-Montes)

Author(s): Pequito, Maria de Lurdes Ferreira Lourenço

Date: 2015

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10071/9942

Origin: Repositório ISCTE

Subject(s): Hidroeletricidade; Picote; Barragistas; Cidadania -- Citizenship; Memória; Métodos e técnicas; Foz Côa; Arte rupestre -- Rock art; Hydroeletric power; Dam workers; Memória coletiva -- Collective memory; Tecnologia tradicional -- Traditional technology


Description

A pesquisa identifica mecanismos de construção de memória da técnica no grupo barragista. Este grupo, que fez parte da multidão de trabalhadores que construíram barragens em Portugal, construiu identidade no trânsito de uma obra para outra: o estaleiro foi o território onde se reconfiguraram crenças e costumes. As dinâmicas observadas, semelhantes a outras movimentações de trabalhadores em obras de grande escala, articulam-se com os processos laborais globais. Os trabalhadores migrantes constroem as suas referências identitárias no trânsito, cruzando dimensões transnacionais, nacionais, regionais e locais, conforme estudado pelo antropólogo brasileiro Gustavo Lins Ribeiro (construção de Brasília e da barragem binacional de Yacyretá). Os processos de construção de memória barragista estruturaram-se em livros, encontros e comemorações: o bairro do Barrocal do Douro, construído propositadamente para apoio ao aproveitamento hidroelétrico de Picote é um importante locus de memória. O estudo do grupo barragista foi também ocasião para identificação de movimentos cívicos a propósito do uso dos recursos hídricos. Se, nos anos 1950, a construção de barragens se enquadrava no combate pela industrialização do país, nos anos 1990 o movimento cívico criado a partir da descoberta arte rupestre, da região do rio Côa, foi ocasião de maior participação neste debate, reivindicando agora os valores da cultura contra o “império do betão”. O conflito entre aquilo que deve ser lembrado e o que deve ser esquecido adquiriu novas significações. A conclusão retoma os três derivados identitários: barragistas, protagonistas da construção política da paisagem tecnológica e ativistas em defesa do património arqueológico do vale do rio Côa.

The research identifies processes of memory of technology in a group of dam workers: barragista group. This group, which was part of the crowd of workers who built dams in Portugal, built its identitary mechanisms in the migration processes from a job to another: the yard was the place where beliefs and customs were reconfigured. The observed dynamics, similar to other movements of workers in large-scale works, is integrated with the global work processes. Migrant workers build their identity references in migratory processes, crossing transnational, national, regional and local dimensions, as studied by the Brazilian anthropologist Gustavo Lins Ribeiro (construction of Brasilia and the binational dam Yacyretá). The barragista construction of memory is structured in books, meetings and celebrations: the Douro Barrocal neighbourhood, built to support Picote hydroelectric dam is an important memory locus. The study of the barragista group also allows to identify civic movements concerning the use of water resources. If, in the 1950s, construction of dams fell within the struggle for the country's industrialization, in the 1990s the civic movement created from the rock art discovery, in the Coa River region, was an opportunity for a greater debate, the claim of cultural values versus the “concrete empire.” The conflict between what should be remembered and what should be forgotten acquired new meanings. The conclusion takes up the three identity derivatives: barragistas, political construction of protagonists of the technological landscape and activists in defense of the archaeological heritage of the River Côa valley.

Document Type Doctoral thesis
Language Portuguese
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