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O cirurgião face ao doente terminal : decisões éticas em fim de vida

Author(s): Cantante, Maria Isidra Rocha Contreiras, 1957-

Date: 2014

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/10973

Origin: Repositório da Universidade de Lisboa

Subject(s): Morte; Dignidade; Decisões em fim de vida; Obstinação terapêutica; Suspender e não Iniciar terapêutica; Teses de mestrado - 2014


Description

Tese de mestrado, Bioética, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

A prática da Medicina é feita de opções, a maior parte de natureza clínica, algumas envolvendo problemas éticos prementes, principalmente nos dois momentos cruciais da Vida do Homem: o seu nascimento e a sua morte. A Ética, como foi definida por Théo Klein, representa um delicadíssimo equilíbrio “que nos convida à inquietude do questionamento e à procura da boa resposta”. A Cirurgia, mais do que qualquer outra especialidade, requer um comportamento ético inquestionável. É um facto que propicia um relacionamento privilegiado entre médico e doente, sendo também uma especialidade muito pragmática, de decisões difíceis e muito rápidas, especialmente em contexto de Urgência. A cirurgia (e a anestesia) representam um stress enorme do ponto de vista físico e uma intrusão dolorosa no íntimo do doente. Por isso, as decisões de operar ou não, em determinadas circunstâncias têm que ser muito bem ponderadas e analisadas senão corre-se o risco de nos obstinarmos em terapêuticas fúteis, que não só não trarão benefícios ao doente mas serão fonte de dor, desconforto e sofrimento. O objectivo desta dissertação é duplo: 1. Avaliar o conhecimento de um grupo de cirurgiões sobre os problemas éticos levantados pelas decisões em fim de vida 2. Avaliar as atitudes, do ponto de vista ético e deontológico, desse mesmo grupo de cirurgiões, face ao doente em fim de vida. Foi utilizada metodologia de investigação qualitativa, tendo sido efectuado um estudo qualitativo exploratório descritivo baseado em entrevistas não estruturadas, com uma única pergunta à qual os entrevistados, oito médicos, responderam livremente. Apesar das dimensões da amostra não permitirem a extrapolação dos resultados a populações maiores, os objectivos propostos foram plenamente cumpridos. A análise das entrevistas revelou diferenças subtis entre os vários grupos, relacionadas com a diferenciação profissional e a especialidade dos entrevistados. Estas diferenças são conceptuais porque na prática as atitudes são correctas e demonstram grande compreensão e compaixão por estes doentes, nomeadamente: - É indispensável que todas as decisões sejam partilhadas (por todos os envolvidos), mas individualizadas (para cada doente), tendo como principal finalidade o conforto e o alívio da sintomatologia com especial destaque para a dor. - Negar a obstinação terapêutica e ter a coragem de não-iniciar/suspender terapêuticas que não tenham qualquer utilidade, de modo a obter uma morte digna e livre de dor, assegurando o máximo respeito e dignidade durante todo o processo do morrer.

Medical practice is made of choices, most of them, clinical in its nature, some of them concerning challenging ethical problems, mainly in the two most crucial moments of Man’s Life: his birth and his death. Ethics, as defined by Théo Klein represents a very delicate balance “which invites you to the restlessness of inquiry and the quest for the best solution”. Surgery, more than any other medical speciality demands an unquestionable ethical behavior. It creates a very special bond between doctor and patient, being also a very pragmatic speciality, as it needs very difficult and very fast decisions, specially in the Emergency Room. Surgical (and anesthetic) procedures represent an huge physical stress and a painful intrusion into the patient´s intimacy. So, decisions to operate, or not, in very specific circunstances must be very well weighted and analysed, or else we take the risk of therapeutic obstinacy, which is not beneficial for the patient and will be a source of pain, discomfort and suffering. The dissertation´s purpose is a double one: 1. To evaluate a group of surgeons knowledge on the ethical problems of end-of-life decisions. 2. To evaluate, that same group of surgeons attitudes, concerning the terminal patient, from an ethical and deontological point of view. Qualitative research methodology was used, in elaborating a qualitative, exploratory, descriptive study based on non-structured interviews given by eight doctors, comprising a single question, freely answered by the participants. In spite of the small dimension of the sample, not allowing extrapolation of results to a wider population, the goals were fully attained. The interview`s analysis revealed subtle differences between the groups that are related with professional grade and the interviewd speciality. These are conceptual differences because the attitudes are correct and reveal a great understanding and compassion to these patients, namely: - It is essencial to share all decisions (with all envolved persons), but individualizing them (to each patient), being the main goal the confort and symptomatic relief, specially regarding pain. - To deny therapeutical obstinacy and have the courage to withhold/withdraw futile therapeuthics, to obtain a dignified, free of pain death, assuring the greatest respect and dignity, throughout all the dying process.

Document Type Master thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Castelo, Henrique Bicha, 1943-
Contributor(s) Repositório da Universidade de Lisboa
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