Author(s):
Esteves, Diogo André Moreira, 1989-
Date: 2014
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/17867
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Inclusão; Educação inclusiva; Surdez; Equidade (Educação); Empowerment; Teses de mestrado - 2014
Description
Dissertação de mestrado, Ciências da Educação (Educação Intercultural), Universidade de Lisboa, Instituto de Educação, 2014
A massificação da escola tornou-a, nas últimas décadas, um espaço crescentemente diversificado e multicultural (Borges, 2009; César, 2009), onde se encontram alunos com necessidade de apoios educativos especializados (César, 2012). Estes alunos deparam-se com barreiras no percurso académico, sendo necessária a promoção de uma educação inclusiva (Rodrigues 2003). Os surdos são um grupo particularmente afectado, deparando-se com barreiras no acesso ao sucesso escolar e social (Borges, 2009; César, 2012). Reconhecida oficialmente, em Portugal em 1997 (AR), a língua gestual portuguesa (LGP) foi indicada como língua materna para os surdos, sobretudo os que apresentam uma surdez severa e profunda, pré-lingual. Este passo foi bastante importante para a cultura surda, diferente das culturas ouvintes, que recorrem a línguas orais como forma privilegiada de comunicação (Borges, 2009; Melro, 2003). Contudo a educação de surdos têm ainda um longo caminho a percorrer, uma vez que estes mantêm uma representação diminuta na Universidade de Lisboa (Almeida 2009). Neste trabalho procuramos estudar os mecanismos – de inter- e intra-empowerment (César, 2013a) – que podem ser utilizados por forma a contrariar estas tendências, através da análise da trajectória de participação ao longo da vida de uma estudante surda (César, 2013a, 2013b). Esta investigação enquadra-se no paradigma interpretativo (Denzin & Lincoln, 1994), assumindo o formato de estudo de caso intrínseco (Stake, 1995). Os dados foram recolhidos através de observação participante, entrevistas, conversas informais e documentos, e foram tratados e analisados através de uma análise de conteúdo de índole narrativa (Clandinin & Connelly, 1998). Como resultados salientamos a forma como esta estudante transita, autonomamente, entre as duas culturas, afirmando-se como participante legítima, com uma voz audível, em ambas (Lave & Wenger, 1991), assim como a forma como é capaz de mobilizar as capacidades que foi adquirindo desde cedo – devido ao projecto de desenvolvimento definido pelos seus pais – para ultrapassar as barreiras com que se vai deparando, a nível académico, social e pessoal.
The massification of school as turned it, in the last decades, into a growingly diverse and multicultural space, where we find students in need of specialized educational support (César, 2012). These students encounter barriers in their academic path, thus the promotion of an inclusive education is required (Rodrigues, 2003). Deaf people belong to a particularly affected group, faced with barriers in their access to educational and social success (Borges, 2009; César, 2012). Recognized in Portugal in 1997 (AR), Portuguese sign language (LGP) was indicated as a first language for deaf people, mainly those with severe and profound pre-lingual deafness. This step was very important to the deaf culture, different from a hearing culture who use oral language as a privileged form of communication (Borges, 2009; Melro, 2003). However deaf education still as a long way to go, since they maintain a reduced representation at Lisbon’s University (Almeida, 2009). In this work we seek to study the mechanisms – of inter- and intra-empowerment (César, 2013a) – that can be used to counteract these trends, by analysing the life trajectory of participation of a deaf student (César, 2013a, 2013b). This research fits within an interpretative paradigm (Denzin & Lincoln, 1994), taking the shape of an intrinsic case study (Stake, 1995). The data was collected through participant observations, interviews, informal conversations and documents, and were treated and analysed through a narrative content analysis (Clandinin & Connelly, 1998). As a result we point out to how this student autonomously moves between these two cultures, assuming itself as a legitimate participant, with and audible voice, in both (Lave & Wenger, 1991), as well as the way she is able to mobilize the capacities which she acquired early on – due to the development project her parents set – to overcome the barriers that she’s faced with in her academic, social and personal life.