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Processos psicológicos na revisão da composição escrita : contributos para o desenvolvimento de estratégias de aprendizagem

Author(s): Gonçalves, Maria Dulce

Date: 1992

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/29684

Origin: Repositório da Universidade de Lisboa

Subject(s): Teses de mestrado - 1992; Processos cognitivos; Composição escrita; Estratégias de aprendizagem; Domínio/Área científica::Ciências Sociais::Ciências da Educação


Description

Tese de mestrado em Ciências da Educação (Psicologia da Educação), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 1992

A escrita, sendo uma das mais antigas e complexas actividades humanas (Flow er e Hayes, 1981), tem sido ao longo do tempo, estudada sob múltiplos pontos de vista. Neste trabalho, analisa-se na perspectiva da Psicologia Cognitiva e Educacional, a escrita produzida em contexto académico, após o período de aquisição inicial. Tendo como ponto de partida a investigação psicológica sobre os processos subjacentes à escrita (modelos cognitivos da composição), referem -se relações entre pensamento, aprendizagem e composição escrita. Alguns estudos indicam que 40 a 50% do tempo passado na escola é ocupado com tarefas de escrita (e.g. Applebee, 1982). Trata-se de aprender a escrever mas, sobretudo, de usar a escrita com o meio auxiliar no processo de aprendizagem (tomar notas para não esquecer, resumir, esquematizar, responder a questões, resolver exercícios, etc.). Muitas vezes a própria avaliação é feita na base de trabalhos e exercícios escritos - através daquilo que o aluno escreve, o professor procura determinar o que ele aprendeu, a sua capacidade de análise, de crítica, de. criatividade... No entanto, professores de todas as disciplinas e de todos os níveis de ensino, referem com frequência problemas de Composição nos seus alunos. Fala-se por vezes de uma "crise de escrita": grande parte da população escolar parece não escrever com a fluência, clareza e correcção que seriam desejáveis. Pais e professores, queixam-se de que muitos alunos revelam problemas de escrita, não gostam de escrever, não sabem escrever. E que muitas vezes isso os prejudica, quer durante a fase de aprendizagem , quer durante as avaliações. Além disso, esquece-se muitas vezes que a escrita pode ser algo mais: escrever pode também ajudar a pensar, a relacionar e a descobrir ideias que não tinham ocorrido antes de começar a construir o texto (e.g. Odell, 1980). Pode facilitar o conhecimento sobre si próprio (por exemplo, na forma de um diário) e estimular o desenvolvimento intelectual (e.g. Applebee, 1984; Scardamalia, 1981). Em tempo de Reforma do Sistema Educativo parece importante procurar e desenvolver estratégias de intervenção psico-educacional, que se fundamentem nos dados de investigação psicológica que actualmente possuímos, com o objectivo de prevenir e ajudar a superar estas dificuldades na aprendizagem . No entanto, os estudos nesta área de investigação são praticamente inexistentes em Portugal. De uma forma objectiva, sabemos actualmente muito pouco sobre os problemas de Composição existentes ao nível académico e, sobretudo, ao nível do Ensino Secundário. Este estudo concentra-se nos processos de revisão do texto escrito. Visa uma caracterização dos comportamentos de revisão de alunos do 7º ano de escolaridade (1º ano do 3º ciclo) e propõe algumas formas de intervenção psicopedagógica sugeridas pela investigação actual. Mais precisamente: * Recolhem-se elementos para a caracterização dos processos de revisão em adolescentes, pela análise de uma amostra de textos produzidos no contexto da sala de aula. As tarefas de escrita propostas têm como objectivo uma manipulação controlada de factores e condições de produção, tendo em vista a preparação de estratégias educativas mais favoráveis. * Estuda-se a eficácia de diferentes formas de intervenção educacional: (1) incentivos pelo professor para a auto-avaliação e correcção de textos pessoais e (2) programas complementares para o desenvolvimento de estratégias de revisão da escrita. Neste último caso, experimenta-se a aplicação de duas metodologias diferentes: (a) interacção grupal e ensino recíproco; e (b) treino de auto-instrução para a autoregulação dos processos de revisão. Neste primeiro ponto do trabalho, analisam-se algumas das razões que justificam o estudo dos processos de revisão, refere-se o modo como o conceito de revisão evoluiu na última década, e descrevem-se alguns dos modelos mais recentes. São estudadas as relações entre revisão e compreensão do texto e apontados alguns dos problemas mais frequentes na revisão de textos pessoais, comparando estratégias e concepções que distinguem principiantes e escritores experientes. Enumeram-se de forma sucinta, métodos de avaliação e investigação nesta área. Caracterizam-se procedimentos de treino e instrução em contexto académico. Tenta-se, por fim, uma reflexão sobre a necessidade e vantagens de uma intervenção no domínio da revisão e da escrita, para o desenvolvimento da motivação para escrever, para a prevenção de dificuldades de aprendizagem. (...)

Document Type Master thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Silva, Adelina Lopes da, 1945-
Contributor(s) Repositório da Universidade de Lisboa
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