Author(s): Teixeira, Sílvia Monteiro
Date: 2023
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/58428
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Project/scholarship: info:eu-repo/grantAgreement/FCT/OE/SFRH%2FBD%2F123546%2F2016/PT;
Subject(s): Domínio/Área Científica::Humanidades::História e Arqueologia
Não obstante a visão dos escravos e libertos como determinantes para o desenvolvimento económico, administrativo e sociocultural das províncias do mundo romano, as realidades servis da Lusitânia carecem de um estudo de fundo que assente na compilação das fontes utilizadas num só repositório e na análise das mesmas sob um leque diversificado de tópicos, procurando fornecer uma visão tão abrangente quanto possível deste fenómeno. Como tal, este trabalho pretende contribuir para a construção da história social desta província, através da análise da epigrafia relativa ao meio servil, que complementa as informações trazidas pelo registo arqueológico e literatura clássica. A dispersão das inscrições e as problemáticas inerentes à identificação de escravos e libertos nas mesmas motivaram a criação do repositório no qual se baseia este trabalho, ao qual procurámos aplicar o maior rigor possível nos critérios de inclusão (e exclusão), com vista à obtenção de uma amostra epigráfica que, embora modesta, constitua um reflexo tão fidedigno quanto possível das realidades servis da Lusitânia romana. Os dados trazidos por estas epígrafes permitem-nos um conhecimento mais aprofundado das percepções e comportamentos das comunidades lusitano-romanas, em particular no que diz respeito à importância dos escravos e libertos no contexto da civilização romana fora da península itálica. Neste sentido, procurámos avaliar a aplicabilidade de determinadas ideias e conceitos perpetuados na literatura destas temáticas ao contexto específico da Lusitânia romana, processo no decurso do qual surgiram também novas questões para o futuro, cuja resposta dependerá do avanço da ciência epigráfica, particularmente no que respeita à datação das inscrições. De todas as formas, não obstante os entraves levantados pelas limitações da epigrafia enquanto fonte informativa e pelos próprios constrangimentos inerentes ao estatuto sociojurídico de escravos e libertos, podemos entender estas realidades sociais como essenciais à compreensão das transformações culturais induzidas pelo processo de romanização na Lusitânia.
Even though slaves and freedmen have been given a central role in the economic, administrative and sociocultural development of the provinces in the Roman world, the slave environment of Lusitania lacks an in-depth study based on the compilation of all the sources in a single repository, as well as their analysis from a diverse range of topics, with the goal of providing us with as broad a picture as possible of the slave environment in Roman Lusitania. As such, this work intends to contribute to the construction of the social history of the province, by analyzing the epigraphy pertaining to the slave groups, which complements the information brought by the archaeological record and classical literature. The scattering of the inscriptions and the problems associated with the identification of slaves and freedmen in those have prompted the creation of the repository on which this work is based. We have sought to be as rigorous as possible in defining the inclusion (and exclusion) criteria, in order to obtain an epigraphic sample which, although modest in size, constitutes as reliable a reflection as possible of the slave environment in Roman Lusitania. The information provided by these inscriptions leads us to a more thorough understanding of the perceptions and behaviors of the Lusitanian-Roman communities, particularly when it comes to the importance of slaves and freedmen in the context of Roman civilization outside the italic peninsula. In this sense, we have sought to assess the applicability of certain ideas and concepts disseminated in the literature pertaining to these themes within the specific context of Roman Lusitania, a task which has also prompted some new questions for the future, the answer to which will depend on the progress of the epigraphic science, particularly concerning the dating of the inscriptions. In any way, despite the obstacles brought on by both the limitations of epigraphy as an informative source and the constraints associated with the socio-juridical status of slaves and freedmen, we can view these social realities as essential for the understanding of the cultural transformations induced by the romanization process in Lusitania.
