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O azulejo enquanto objecto museológico

Author(s): Pereira, Patrícia Nóbrega

Date: 2013

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10362/10653

Origin: Repositório Institucional da UNL

Subject(s): Museologia; Azulejo; Colecção; Património; Exposição; Proveniência


Description

Trabalho de Projecto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Museologia

O presente trabalho de projecto pretende estudar o percurso do azulejo enquanto objecto museológico, desde os finais do século XIX, época em que este revestimento cerâmico assumiu um novo enquadramento, destituído do seu contexto original, até à criação do Museu do Azulejo, oficialmente inaugurado em 1971. A instabilidade política, social e cultural de Oitocentos submergiu o património numa bruma de ruína, votando, em particular o património arquitectónico edificado, à incúria e delapidação. Foi neste contexto que se removeu um incalculável número de azulejos, circunstância agravada pelo facto de, à época, o azulejo não beneficiar de especial estatuto proteccionista, encontrando-se, pelo contrário, num limbo entre o património móvel é o imóvel. Parte deste património azulejar deslocado foi entregue em depósitos estatais que guardavam indiscriminadamente materiais de edifícios demolidos ou intervencionados. Outros azulejos foram recolhidos por coleccionadores, entre os quais se destaca o arquitecto José Maria Nepomuceno que, no exercício das suas funções, juntou o que viria a ser considerada como a maior colecção de azulejaria existente na Península Ibérica nos fins do século XIX. Vários outros espécimes azulejares integraram colecções privadas, um pouco por todo o país, tendo sido apresentadas em várias exposições de promoção das artes decorativas, em particular da cerâmica que, entre finais do século XIX e meados do século XX, animaram várias cidades portuguesas. Ao longo deste estudo, importou-nos analisar e reflectir acerca da presença de azulejaria antiga, assumida como objecto museológico, nesses certames, e observar a importância e o protagonismo que, aos poucos, este tipo de cerâmica de revestimento foi beneficiando. No anos quarenta do século XX iniciou-se uma campanha de valorização conceptual da azulejaria, com a inventariação e estudo da colecção azulejar do Museu Nacional de Arte Antiga, sob o impulso de João Couto e empenho de Santos Simões. A "Exposição temporária – Azulejos", realizada em 1947, marcou um novo entendimento artístico do azulejo, mostrando que a colecção de azulejaria poderia integrar a exposição permanente. Neste sentido Santos Simões, sob orientação de João Couto, recebeu a incumbência de fazer instalar no Convento da Madre de Deus, à época uma dependência do Museu Nacional de Arte Antiga, o Museu do Azulejo. O processo de conversão museológica do espaço conventual durou mais de uma década e teve início com a transferência do espólio azulejar do Museu Nacional de Arte Antiga. A este núcleo original juntaram-se ainda os azulejos provenientes de depósitos estatais, de forma a colmatar falhas da colecção, que se desejava representativa do gosto e utilização portuguesas do azulejo ao longo de cinco séculos. O Museu do Azulejo seria inaugurado em 1971 como núcleo de Cerâmica do Museu Nacional de Arte Antiga

Document Type Master thesis
Language Portuguese
Contributor(s) RUN
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