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Cidade: tipologias, cultura, virtual: metamorfoses do espaço urbano contemporâneo

Author(s): Rodrigues, Mário Jorge da Fonseca

Date: 2009

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.6/1751

Origin: uBibliorum

Subject(s): Espaço urbano; Cidade contemporânea; Planeamento urbano; Urbanismo sustentável


Description

A reflexão presente nesta dissertação de mestrado, diz respeito a uma temática que nos tem acompanhado ao longo dos últimos anos - o lugar da arquitectura na cidade - surgindo pautadamente, quer a nível académico e profissional, quer na experiência quotidiana, esse ponto de exposição particular, onde a arquitectura se nos mostra de forma clara, numa medida difícil de alcançar por outras expressões artísticas. Desde o ingresso no percurso académico, que nos questioná-nos sobre as capacidades e os limites da intervenção arquitectónica ao nível de um contexto urbano, bem como as intenções projectuais que devem estar presentes para que se possa alcançar propósitos, que vão muito além, da mera função e objectivo singular, mas, que encontra um reflexo não-linear ao nível de um ambiente natural (edificado) que nos sugere Gilles Deleuze1, e que contém e expõe grande parte da população mundial: A CIDADE. Para uma compreensão do contexto urbano contemporâneo, anuncia-se necessário um estudo, apoiado em dois aspectos fundamentais: o processo histórico e cultural de formação da cidade, um dado que deve ser tido em conta aquando de qualquer estudo urbano, representado este numa dimensão física ou teórica; o desenho urbano, em si próprio, isto é na criação de uma morfologia urbana, mas também ao nível da percepção, e apreensão por parte dos seus maiores visados - os cidadãos - que representam por um lado o “conteúdo” da cidade, e que por outro têm sobre uma perspectiva social, a capacidade, umas vezes inocente outras especulativa, de modelar o “contentor” metafísico em que se inserem - a Cidade. É com base numa primeira dimensão, sobretudo analítica que se procura uma (re)interpretação das formas urbanas, das metamorfoses constantes ao longo das últimas décadas que a cidade tem vindo a ser palco, de uma multiplicidade de alternativas de organização do espaço urbano, da razão do fracasso da maior parte delas, e das repercussões dessas estratégias de urbanismo ao nível da cidade, que nos seus limites a tecnologia diluiu,cada vez mais assumindo-se com uma dimensão de território.2 A arquitectura cada vez mais se assume como parte integrante de um todo - o urbanismo - que à semelhança da parte, procura um objectivo que é a criação de um ambiente propício à vida e conforto humanos, porém com uma ênfase mais acentuada sob o ponto de vista político, social e económico dado o carácter genérico e plural que lhe está cada vez mais associado. Sobre esta matéria das dimensões espaciais da morfologia urbana, e as diversas escalas em que se inserem, existem vários estudos de grande préstimo, sobretudo quando às questões se tornam de menor abrangência. É sobretudo nas questões mais amplas, ao nível global e territorial, que pensamos residir um maior défice de teorização e análise crítica, como tal, é neste sentido, que é direccionada grande parcela do presente escrito. A presença de disciplinas tão distintas como a política, a economia, a filosofia e a estética mostram-se aos nossos olhos como factores integrantes de um esquema urbano para a contemporaneidade e futuro, contendo em si algumas das respostas para a criação de um urbanismo de ruptura, que se assuma como resultado de uma época, mas que compreenda as qualidades da relação espaço-tempo actual, as suas origens e o seu percurso, para que possa especular o mais correctamente possível sobre a direcção para onde se dirige, anunciando assim um urbanismo de consciência e dinamismo. Esta é uma tarefa à escala global, têm sido vários os alertas lançados por pensadores como Rem Koolhaas ou Daniel Libeskind, e ampla tem sido a sua colaboração para um regresso a uma forma consciente e desassombrada de interpretar a realidade, mantendo uma autonomia criativa, mas assumindo uma posição teórico-crítica comum no que respeita à necessidade urgente de requalificação da modernidade. Segundo nós, é a vertente intelectual comum de construção de um corpo teórico, que é necessária na contemporaneidade - e que existia à poucas décadas atrás, quando havia movimentos artísticos; nessa época pensava-se em comum, havia espaço para a criação dentro de um modelo genérico, assim, se estabeleceram grandes evoluções nos diversos campos artísticos e pensamentos pertinentes e elucidados nos campos teóricos que se encontravam na sua base -actualmente, a arquitectura não representa comunidade, como então; hoje representa a individualidade, o génio e o seu método de “caixa preta”3, a ambição sustentada pela economia e apoiada pelo arquitecto. “O sistema é final. A economia de mercado. Nós trabalhamos numa era pós-ideológica e por falta de apoio abandonamos a cidade e quaisquer outras questões gerais.” A frase do arquitecto holandês Rem Koolhaas mostra-nos a sua consciência para as questões de políticas de organização territorial, que devem ser parte do equipamento do arquitecto e urbanista contemporâneo. É preciso que a arquitectura seja reconhecida na sua totalidade, como uma maneira de pensar sobre as questões actuais, da mais filosófica à mais prática, é preciso que as questões sociais, como a pobreza e a ecologia se sobreponham às vontades individuais num campo que felizmente tem uma importante palavra a dizer no que concerne às decisões das nossas condições de vida futuras. O propósito deste trabalho é, além de uma investigação reflexiva pessoal, uma tentativa de reacção, um “projectar contra” (no campo teórico) de que Giulio Carlo Argan fala, uma alternativa ao “urbanismo estático” que impera na contemporaneidade.

Document Type Master thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Fernandes, Miguel João Mendes do Amaral Santiago
Contributor(s) uBibliorum
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