Author(s):
Silva, Thaís Gonçalves Rodrigues da Silva
Date: 2018
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.5/16055
Origin: Repositório da UTL
Subject(s): Sensorialidades antropofágicas; Estados do corpo; Processos de criação; Objetos relacionais; Cosmogonia indígena; Performatividade; Anthropophagic sensorialities; Body states; Creation processes; Relational objects; Indigenous cosmogony; Performativity; Sensorialités anthropophagiques États du corps Processus de creation Objets relationnels Cosmogonie indigene Performativité; États du corps; Processus de creation; Objets relationnels; Cosmogonie indigene; Performativité; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais
Description
Corpos estranhos, disformes, desfigurados, desarticulados. O que fazer quando uma lógica da sensação se impõe e subverte corpos, processos de criação em dança e estratégias coreográficas? Como compor em estados de vibração, espasmos, pausas prolongadas, tremores e gestos que simplesmente insistem em moverem-se de determinada maneira? Ao fazer emergir das sensações texturas de movimento descoladas de temáticas, ideias, técnicas e roteiros prévios, a coreógrafa e bailarina Juliana Moraes teve seus procedimentos desafiados na elaboração da série oreográfica Peças curtas para desesquecer (Companhia Perdida), e do solo Desmonte. Tais mobilizações do corpo surgiram nas experimentações com materiais inspirados nos objetos relacionais de Lygia Clark, em laboratório ministrado pela artista Ana Terra. Objetos ordinários, sem apelo semiótico, geraram uma dança desassociada de imagens. Com a metodologia de pesquisa do ator Gustavo Sol, tais materiais formalizaram-se mantendo a potência de vibração dos corpos em estados de presença poética, nos quais a atenção tem uma dimensão coreográfica. Dançar em ato. Lógica das proposições de Lygia Clark e Hélio Oiticica que, nos anos 1960, romperam com suportes da arte visual e, inspirados por Oswald de Andrade, instauraram um modo antropofágico de criação. Antropofagia como procedimento. Deslocando a pergunta o que é para o que se pode fazer com a sensorialidade, foram investigados os modos de criação e as escritas de Juliana Moraes e outros cinco criadores em dança e teatro – Mariana Muniz, Jussara Miller, Luis Ferron, Renato Ferracini, Carlos Simioni e Gustavo Sol. O que devoram esses artistas? Que pontes fazem entre mundos visíveis e invisíveis? Estariam permeados de princípios das cosmogonias indígenas, dos saberes do/no corpo, de uma performatividade? Num caldeirão, em torno das sensorialidades antropofágicas, fervem artistas, xamãs e pensadores, de Deleuze, José Gil, Steve Paxton, Anna Halprin, Hubert Godard, Antonin Artaud, à Oswald de Andrade e Viveiros de Castro, entre outros.
Bodies strange, distorted, disfigured, disjointed. What to do when a logic of sensation is imposed and subverts bodies, processes of creation in dance and choreographic strategies? How to compose in states of vibration, spasms, prolonged pauses, tremors and gestures that simply insist on moving in a certain way? By bringing out from the sensations textures of movement, taken from previous themes, ideas, techniques and scripts, the choreographer and dancer Juliana Moraes had her procedures challenged in the elaboration of the choreographic series Peças curtas para desesquecer (Companhia Perdida) and the solo Desmonte. Such mobilizations of the body emerged in the experiments with materials inspired in the relational objects of Lygia Clark, in laboratory ministered by the artist Ana Terra. Ordinary objects, without semiotic appeal, generated a disassociated dance of images. With the research methodology of the actor Gustavo Sol, such materials were formalized by maintaining the vibration power of the bodies in states of poetic presence, in which the attention has a choreographic dimension. Dance in act. Logic of the propositions of Lygia Clark and Hélio Oiticica, who in the 1960s broke with visual art supports and, inspired by Oswald de Andrade, established an anthropophagic mode of creation. Anthropophagy as procedure. Shifting the question what is to what can be done with sensoriality, we investigated the modes of creation and the writings of Juliana Moraes and five other creators in dance and theater - Mariana Muniz, Jussara Miller, Luis Ferron, Renato Ferracini, Carlos Simioni and Gustavo Sol. What do these artists devour? What bridges do they construct between visible and invisible worlds? Would they be permeated with the principles of indigenous cosmogonies, the knowledge of/in the body, of a performativity? In a cauldron, around the anthropophagic sensorialities, artists, boil artists, shamans and thinkers, from Deleuze, José Gil, Steve Paxton, Anna Halprin, Hubert Godard, Antonin Artaud, Oswald de Andrade and Viveiros de Castro, among others.
Corps étranges, déformés, défigurés, désarticulés. Que faire quand une logique de la sensation s’impose et bouleverse des corps, des processus de création en danse et des stratégies chorégraphiques? Comment composer sous des états de vibration, spasmes, pauses prolongées, tremblements et gestes qui simplement tiennent à se mouvoir d’une manière déterminée? A partir des sensations, en faisant émerger des textures de mouvement détachées des thématiques, idées, techniques et scénarios préalables, la chorégraphe et danseuse Juliana Moraes a vu ses procédures défiées dans l’élaboration d’une série chorégraphique Peças curtas para desesquecer (Companhia Perdida) et du solo Desmonte. Ces mobilisations du corps ont surgi dans les expériences avec des matériaux inspirés des objets relationnels de Lygia Clark, dans un laboratoire dirigé par Ana Terra. Des objets ordinaires, sans appel sémiotique, ont géré une danse dissociée des images. Avec la méthodologie de recherche de l’auteur Gustavo Sol, ces matériaux se sont formalisés de façon à maintenir la puissance de vibration des corps sous des états de présence poétique, dans lesquels l’attention a une dimension chorégraphique. Danser en acte. C’est la logique des propositions de Lygia Clark et Hélio Oiticica qui, dans les années 1960, ont rompu avec des supports de l’art visuel et, inspirés par Oswald de Andrade, ont instauré un mode anthropophagique de création. Anthropophagie en tant que procédure. En changeant la question qu’est-ce que par que peut-on faire avec la sensorialité, on a recherché les modes de création et les écrits de Juliana Moraes et cinq autres créateurs en danse et en théâtre – Mariana Muniz, Jussara Miller, Luis Ferron, Renato Ferracini, Carlos Simioni et Gustavo Sol. Que dévorent ces artistes? Quels ponts font-ils entre des mondes visibles et invisibles. Seraient-ils imprégnés des principes des cosmogonies indigènes, des savoirs du/dans le corps, d’une performativité? Dans un bouillon, autour des sensorialités anthropophagiques, bouillissent des artistes, des chamans et des penseurs: Deleuze, José Gil, Steve Paxton, Anna Halprin, Hubert Godard, Antonin Artaud, Oswald de Andrade et Viveiros de Castro, parmi d’autres.