Autor(es):
Espírito Santo, Isabel Cristina Fontes do
Data: 2017
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.26/18405
Origem: Instituto Superior de Serviço Social do Porto
Assunto(s): Relacionamento social; Centro de dia; Luto; Viuvez; Gerontologia social
Descrição
Constatando-se a frequência de homens e mulheres que ficaram viúvos (as) passarem a frequentar um Centro de dia, procurou-se perceber o contributo deste dispositivo para a reorganização bem-sucedida da vida quotidiana. Daí surgir a questão fulcral que norteou este trabalho: “Será que o envolvimento de idosos viúvos em actividades promovidas pelo centro de dia favorece a integração do luto?” A fim de encontrar resposta a esta questão, procurou-se investigar dois grupos com características socioculturais idênticas, um que frequentasse um centro de dia (grupo experimental) e outro que não frequentasse qualquer resposta social (grupo de controle) de modo a captar, a título ainda exploratório, eventuais diferenças e/ou semelhanças na vivência do processo de luto. Depois de analisados os dados recolhidos por meio de entrevistas semi-estruturadas, complementadas com observação directa chegou-se à conclusão que não há propriamente um contraste claro entre os dois grupos. Viu-se que o centro de dia contribui para a integração da perda e reorganização da vida quotidiana por meio do relacionamento social que promove, nomeadamente o desenvolvimento de actividades e consequentemente a criação de laços sociais. Contudo, no grupo de controle, as idosas que conseguiram reorganizar o seu quotidiano em torno de novas actividades e investir no desenvolvimento da sua rede relacional também apresentam uma vivência positiva do luto. Apesar da maioria das entrevistadas seguir um curso de luto sadio, detectou-se um caso de luto perturbado no centro de dia (levando à reflexão de possíveis vias de aperfeiçoamento deste dispositivo) e dois no grupo de controle. Nos três casos, a não resolução do luto prende-se com uma resistência ao relacionamento social no quadro da vida quotidiana, com a falta de envolvimento em actividades susceptíveis de devolver sentido à sua vida e de enriquecer a sua sociabilidade. Conclui-se que o relacionamento social é um factor potenciador do luto sadio. Nas considerações finais, esboçam-se pistas para reforçar o papel do centro de dia neste sentido.