Detalhes do Documento

Crescimento pós-traumático e crenças centrais em mulheres com cancro da mama : Um programa de intervenção

Autor(es): Ramos, Ana Catarina Marques Barge

Data: 2016

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/5484

Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário

Projeto/bolsa: info:eu-repo/grantAgreement/FCT/SFRH/SFRH%2FBD%2F81515%2F2011/PT;

Assunto(s): Crescimento pós-traumático; Disrupção de crenças centrais; Cancro da mama; Intervenção em grupo; Posttraumatic growth; Challenge to core beliefs; Breast cancer; Group intervention; Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Psicologia


Descrição

Tese de Doutoramento em Psicologia na área de especialidade Psicologia da Saúde apresentada ao ISPA - Instituto Universitário

O cancro da mama, compreendido como um acontecimento traumático, pode potenciar diversas reacções negativas como respostas individuais ao processo de doença. Porém, na literatura, aumenta a evidência de mudanças positivas que ocorrem como resultado do coping individual com o cancro da mama - Crescimento Pós-Traumático (CPT). Diversos factores contribuem para o desenvolvimento de CPT, tais como, stress do acontecimento, disrupção de crenças centrais, ruminação intrusiva e deliberada, suporte social e expressão emocional. A intervenção em grupo potencia a reconstrução cognitiva, a expressão emocional e a percepção de crescimento individual após a doença oncológica. A presente investigação foi desenvolvida com os seguintes objectivos: a) implementação e avaliação de uma intervenção em grupo para facilitar o CPT; b) estudo do modelo de CPT, introduzindo novas variáveis: o stress do acontecimento e a percepção de doença; c) exploração dos factores que predizem a disrupção de crenças centrais. A amostra foi constituída por 205 mulheres (M = 54,32 anos; DP = 10,05) com diagnóstico de cancro da mama não metastático, divididas em grupo de controlo (n = 147) e grupo experimental (n = 58). A intervenção em grupo teve uma duração de 8 semanas e periodicidade semanal, e teve como principal objectivo a promoção de CPT. A avaliação das variáveis psicossociais (CPT, stress do acontecimento, sintomas de Perturbação Pós-Stress Traumático, disrupção de crenças centrais, ruminação, suporte social e expressão emocional) ocorreu em três momentos: baseline, 6 meses (após intervenção) e 12 meses depois (followup). Os instrumentos não aferidos para a população portuguesa foram validados no presente estudo. Os resultados do Modelo de Crescimento Latente evidenciaram um crescimento significativo de CPT desde o primeiro para o terceiro momento de avaliação, sendo que a participação no grupo de intervenção determina o aumento de CPT. Os resultados do Modelo de Equações Estruturais demonstraram que o stress do acontecimento e a percepção de doença contribuem para o modelo de CPT. A disrupção de crenças centrais é o principal preditor de CPT, sendo mediado pela ruminação intrusiva e deliberada. No âmbito da análise dos factores preditores da disrupção de crenças centrais, os resultados demonstraram que o stress do acontecimento, sintomas de Perturbação Pós-Stress Traumático, percepção de doença e realização de mastectomia são factores que conduzem à disrupção de crenças centrais. Em conclusão, esta investigação com desenho longitudinal proporciona importantes evidências empíricas sobre a eficácia desta intervenção em grupo no aumento de CPT, repercutindo-se em possíveis implicações sobre a viabilidade da aplicação desta intervenção em contexto hospitalar. A inclusão do stress e da representação emocional e cognitiva da doença no modelo de CPT evidencia a relevância de considerar estas variáveis em futuros estudos sobre CPT.

ABSTRACT : Breast cancer, as a traumatic event, may trigger several adverse reactions as individual responses during the disease process. Moreover, the literature provides increased evidence for positive changes as a result of individual coping with the breast cancer - Posttraumatic Growth (PTG). Several factors contribute to the development of PTG, such as, stressfulness of the event, challenge to core beliefs, intrusive and deliberate rumination, and social support. Group intervention fosters cognitive processing, emotional expression and the perception of individual growth after oncologic disease. This research has been designed with the following objectives: a) implementation and evaluation of a group intervention to facilitate PTG; b) study of the PTG model through the introduction of new variables, such as stressfulness of the event, illness perception and emotional disclosure; c) analysis of the predictors of challenge to core beliefs. The sample consisted of 205 women (M = 54.32 years, SD = 10.05) diagnosed with nonmetastatic breast cancer, divided into a control group (n = 147) and an experimental group (n = 58). The group intervention took place on a weekly basis over 8 weeks and its main aim was to facilitate PTG. The assessment of psychosocial variables (PTG, stressfulness of the event, Posttraumatic Stress Disorder, challenge to core beliefs, rumination, social support and distress disclosure) occurred in three moments: baseline, 6 months after intervention, and 12 months later on (follow-up). Questionnaires previously not validated for the Portuguese population, have been validated with this study. The results of Latent Growth Modeling showed a significant growth of PTG from the first to the third assessment. Conversely, participation in the intervention group is what causes PTG increase. The results of the Structural Equation Model showed that the stressfulness of the event and illness perception contribute to the PTG model. The challenge to core beliefs is the main PTG predictor and it is mediated by intrusive and deliberate rumination. Upon examining the predictors of challenge to core beliefs, the results showed that the stressfulness of the event, symptoms of Posttraumatic Stress Disorder, illness perception and mastectomy are predictors of the challenge to core beliefs. In conclusion, this research with a longitudinal design provides important empirical evidence on the effectiveness of this group intervention in PTG, which can have possible implications on the feasibility of implementing this intervention in the hospital context. The inclusion of stressfulness and emotional and cognitive representation of illness in the PTG model highlights the relevance of considering these variables in further studies concerning PTG.

Tipo de Documento Tese de doutoramento
Idioma Português
Orientador(es) Leal, Isabel Pereira; Tedeschi, Richard G.
Contribuidor(es) Repositório do ISPA
facebook logo  linkedin logo  twitter logo 
mendeley logo