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Ernesto de Martino: uma visão particular da cultura popular

Autor(es): Tabucchi, Teresa Marina de Lancastre

Data: 2011

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/7197

Origem: Repositório Institucional da UNL

Assunto(s): História; Classes Subalternas; Cultura Popular; Cultura Hegemónica


Descrição

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Antropologia - Área de especialização de Culturas em Cena e Turismo

Singular e ecléctica figura de intelectual, Ernesto De Martino (1908-1965), considerado o fundador da moderna antropologia cultural italiana, foi antropólogo, histórico das religiões e folclorista. Embora a sua obra não seja ainda conhecida como mereceria fora de Itália e França, nos últimos anos começou a ter uma crescente atenção crítica internacional, e vários estudiosos têm-se empenhado em traduzi-la e divulgá-la nos seus próprios países. No renovado interesse que De Martino tem suscitado nos últimos anos, grande parte da atenção focaliza quer as suas escolhas temáticas, quer a abordagem teórica “eclética e criativa” das suas análises. Na sua abordagem à lamentação funerária, à magia De Martino mostra como as práticas mágicas baseadas em sistemas mítico-rituais estejam ligadas a formas de resistência dos camponeses face à miséria que impera nas suas vidas, porque, embora essas práticas continuem a perpetuar a sua condição de subalternidade, impedindo uma desejável tomada de consciência sócio-política, ao mesmo tempo fornecem ao indivíduo subalterno a ilusão de poderem controlar o seu próprio destino. São portanto práticas culturais que procuram organizar de forma positiva os eventos considerados negativos ou agressivos da vida e do universo. Por outro lado, tem-se sublinhado como a sua reflexão teórico-metodológica seja precursora de algumas temáticas e reflexões críticas importantes da antropologia contemporânea. Ao inaugurar no âmbito europeu uma análise dos factos culturais nos termos de sistemas simbólicos historicamente e socialmente diferenciados (as práticas simbólicas), isto é, utilizando um modelo interpretativo que privilegia as lógicas semânticas, introduziu, já nos anos cinquenta, a dimensão do poder e antecipou nesse sentido os modelos interpretativos post-estruturalistas que surgiram em França a partir da convergência entre antropologia e sociologia, modelos que redescobriam as afinidades fundamentais entre o exercício do poder e o controlo das práticas simbólicas.

Tipo de Documento Dissertação de mestrado
Idioma Português
Contribuidor(es) RUN
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