Literatura e ética: experiências de leitura em contexto de ensino

• Autor(es): Lopes, Alexandra Isabel Lobo da Silva
• Data: 2012
• Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/7285
• Origem: Repositório Institucional da UNL
• Assunto(s): Literatura; Ética; Conto de autor; Literatura portuguesa contemporânea
• Tipo de Documento: Dissertação de mestrado
• Idioma: Português
• Contribuidor(es): RUN

Descrição

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Estudos Portugueses

Literatura e Ética: experiências de leitura em contexto de ensino é uma dissertação que parte do pressuposto de que a leitura literária, nomeadamente aquela que é fruída em contexto escolar, contribui de forma intensa para o desenvolvimento pessoal e para a assunção refletida e consciente de um conjunto de atitudes e valores. Num primeiro momento, discorre-se sobre a cumplicidade de longa data entre a literatura e a ética, abordando-se diacronicamente a problemática da ingerência da literatura na vida. Neste ponto, recupera-se o conceito grego de paideia, que assenta na força psicagógica da literatura, em especial nas epopeias homéricas, enquanto fonte de sabedoria vivencial. Num segundo momento, apresentam-se cinco possíveis leituras, relativas a cinco contos de autores contemporâneos de língua portuguesa, para exemplificar de que forma a literatura pode desenvolver o conhecimento do mundo, a empatia face ao ao outro e o juízo crítico. Os contos abordados são os seguintes: O Rosto de valter hugo mãe; “Amanhã chegam as águas” de Rui Zink; “Big Brother Isn’t Watching You” de Teolinda Gersão; “Marido” de Lídia Jorge e “Os da minha rua” de Ondjaki. O Rosto de valter hugo mãe constitui uma introdução à ética e alerta para a necessidade (primária) de prestar atenção ao próximo. “Amanhã chegam as águas” de Rui Zink apresenta uma distopia futura que obriga à reflexão sobre os modelos políticos e sociais. “Big Brother Isn’t Watching You” de Teolinda Gersão permite problematizar a perene inexplicabilidade do mal e a pressão que os estereótipos sociais exercem sobre os indivíduos. “Marido” de Lídia Jorge coloca a violência dentro de portas e mostra como alguns juízos enfermam de apriorismos que toldam a nossa capacidade de compreensão. Por fim, as breves narrativas de Ondjaki proporcionam o regresso à calma, banhando tudo com a luz terna da infância. As «estórias» que constituem Os da minha rua podem ser lidas como um tratado de boa convivência e de harmonia social. No final deste itinerário, pretende-se olhar para o ensino da literatura como um treino existencial de excelência. Quer em contexto académico, quer noutra situação diferente, a leitura crítica de textos literários possibilita o acesso a pontos de comparação, criando novos e mais completos sentidos para a vida de cada um.