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Icterícia neonatal: caracterização populacional e repercussões no neurodesenvolvimento ao longo dos primeiros três anos de vida

Autor(es): Martins, Francisca Rocha

Data: 2013

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.6/1468

Origem: uBibliorum

Assunto(s): Icterícia neonatal; Icterícia neonatal - Fototerapia; Icterícia neonatal - Neurodesenvolvimento; Hiperbilirrubinemia; Toxicidade de bilirrubina


Descrição

Introdução: A icterícia neonatal é a manifestação visível, na pele e escleróticas, de níveis séricos de bilirrubina superiores a 5mg/dL. Ocorre em 60% dos recém-nascidos. Na maioria dos casos, esta condição é benigna, contudo, devido à toxicidade potencial da bilirrubina, os recém-nascidos devem ser monitorizados para identificar aqueles que podem vir a desenvolver uma hiperbilirrubinemia grave e, nalguns casos, encefalopatia aguda ou kernicterus, uma sequela permanente da toxicidade neurológica da bilirrubina. Neste sentido, o objetivo deste estudo é caracterizar a população de recém-nascidos ictéricos nascidos em 2009 no Centro Hospitalar Cova da Beira e avaliar as possíveis alterações no neurodesenvolvimento ao longo dos primeiros três anos de vida. Materiais e métodos: Estudo analítico, retrospetivo e longitudinal de uma amostra de 182 recém-nascidos ictéricos nascidos no Centro Hospitalar Cova da Beira, entre 1 janeiro e 31 de dezembro de 2009, tendo por base a análise documental dos processos clínicos. As variáveis estudadas incidiram sobre características maternas de controlo, características do período gestacional materno, dados biográficos do recém-nascido ictérico e características do período neonatal e pós-natal. A análise quantitativa dos dados foi efetuada através dos testes estatísticos do Qui-quadrado, teste de Exato de Fisher, teste de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis. Resultados: De um total de 604 nascimentos registados entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2009, 273 corresponderam a recém-nascidos ictéricos. A falta de dados no processo clinico foi utilizada como fator de exclusão do estudo obtendo-se, assim, uma amostra de 182 recém-nascidos. A idade materna média foi de 30 anos e 58,8% das mães eram primigestas. A idade gestacional média verificada foi de 38 semanas. Das grávidas, 35,7% apresentaram alguma intercorrência durante a gravidez e 26,9% realizaram algum tratamento durante a mesma. Uma pequena maioria dos recém-nascidos ictéricos era do género masculino (57,7%) e 97,8% de raça branca. O tipo de parto mais prevalente foi o eutócico (60,4%). O valor médio de bilirrubina total máxima foi de 12 mg/dL, tendo-se verificado, em média, 60 horas após o nascimento. A maioria dos recém-nascidos pertencia à zona de risco intermédia (62,1%), era filho de mães Rh+ (86,3%), não tinha incompatibilidades sanguíneas, equimoses e/ou cefalohematoma ao nascimento. O tipo de alimentação mais frequente foi com leite materno (89,6%). Dos recém-nascidos ictéricos 29,7% realizaram fototerapia. Constataram-se alterações no neurodesenvolvimento (sobretudo ao nível da linguagem) em apenas 1,1%, 3,3% e 3,8% dos recém-nascidos ao longo do primeiro, segundo e terceiro ano de vida, respetivamente. Verificaram-se associações estatisticamente significativas entre a zona de risco para o desenvolvimento de hiperbilirrubinemia e a realização de fototerapia, e entre a realização de fototerapia e as recomendações propostas pela Academia Americana de Pediatria. Não se encontraram associações estatisticamente significativas entre a bilirrubina total máxima e os fatores de risco para o desenvolvimento de hiperbilirrubinemia, entre a bilirrubina total máxima e o neurodesenvolvimento, e entre a realização de fototerapia e o neurodesenvolvimento ao longo dos primeiros três anos de vida. Conclusão: A icterícia neonatal afeta quase metade dos recém-nascidos nascidos em 2009 no Centro Hospitalar Cova da Beira. Apesar disso, não existe relação entre esta patologia e alterações no neurodesenvolvimento ao longo dos primeiros três anos de vida. As recomendações propostas pela Academia Americana de Pediatria em 2004 são eficazes na deteção e prevenção de hiperbilirrubinemia grave.

Introduction: Neonatal jaundice is the visible manifestation, in skin and sclera, when serum concentrations of bilirubin exceed 5 mg/dL. Occurs in most newborn infants (60%). Most jaundice is benign, but because of the potential toxicity of bilirubin, newborn infants must be monitored to identify those who might develop severe hyperbilirubinemia and, in some cases, acute bilirubin encephalopathy or kernicterus, the permanent sequel of neurologic toxicity of bilirubin. The aim of this study is to characterize a population of jaundiced newborns born during 2009 at Cova da Beira Hospital Center and evaluate possible alterations in their neurodevelopment during the first three years of life. Materials and methods: This is a retrospective and longitudinal analyses of 182 jaundice newborns born between January 1 and December 31 2009 at Cova da Beira Hospital Center, based on documentary analysis of clinical processes. The variables studied have focused on maternal characteristics of control, maternal characteristics of pregnancy, biographical data of jaundice newborns and characterization of pre and postnatal periods. Quantitative analysis was conducted using the following statistical tests: Qui-Quadrado, Exact Fisher, Man-Whitney and Kruskal- Wallis. Results: A total of 604 births registered between January 1 and December 31 2009, 273 newborns identified as jaundiced. Charts with incomplete data were excluded and the remaining 182 were evaluated. Average maternal age was 30 years old and 58,8% were primiparas. The median gestational age was 38 weeks. 35,7% had events registered during pregnancy and 26,9% required some form of therapy. A small majority of jaundiced newborns were male (57,7%) and 97,8 were caucasians. Vaginal delivery occurred in 60,4%. The highest total bilirubin levels detected had a median level of 12 mg/dL and were registered on average at 60 hours of life. The majority of newborns were plotted on the intermediate risk zone (62,1%), had Rh+ mothers (86,3%), did not have blood group incompatibilities and did not have bruising or cephalohematomas at birth. The incidence of breastfeeding was 89,6%. Phototherapy was required in 29,7% of cases. Neurodevelopmental evaluations were carried out and anomalies were detected (mainly in language development) in 1,1%, 3,3% and 3,8% newborns during the first, second and third years of life, respectively. Statistically significant associations were found between the risk zone and phototherapy requirements, and treatment with phototherapy and the American Academy of Pediatrics guidelines. No statistically significant associations were detected between maximum total bilirubin and risk factors for hyperbilirubinemia, maximum total bilirubin and neurodevelopmental outcome, and treatment with phototherapy and neurodevelopmental outcome during the first three years of life. Conclusion: Neonatal jaundice affected almost half of the babies who were born in 2009 at Cova da Beira Hospital Center. No relationship was detected with this entity and alterations in the neurodevelopmental outcome during the first three years of life. The 2004 American Academy of Pediatrics recommendations are effective in preventing severe hyperbilirubinemia.

Tipo de Documento Dissertação de mestrado
Idioma Português
Orientador(es) Costa, Ricardo Jorge Barros da
Contribuidor(es) uBibliorum
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