Autor(es):
Duarte, Liliana Catarina Almeida
Data: 2010
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.6/774
Origem: uBibliorum
Assunto(s): Tromboembolismo venoso; Tromboembolismo venoso - Profilaxia - Avaliação; Tromboembolismo venoso - Avaliação do risco; Tromboembolismo venoso - Factores de risco
Descrição
Introdução: O tromboembolismo venoso (TEV) assume-se como uma das maiores causas de morbimortalidade prevenível em doentes hospitalizados, constituindo assim um importante problema de saúde pública. A cirurgia, só por si, condiciona um estado pró-trombótico, havendo necessidade comprovada de usar tromboprofilaxia adequada à estratificação de risco nestes doentes. Apesar das evidências da boa relação custo-benefício e das guidelines e modelos de avaliação de risco elaborados, a profilaxia permanece subutilizada. Com este trabalho, propõe-se a estratificação do risco de TEV em doentes cirúrgicos, verificando também o uso da profilaxia e a ocorrência de eventos tromboembólicos aos 3 meses de follow-up. Material e Métodos: De 9 de Novembro a 9 de Dezembro de 2009, recolheram-se dados por entrevista clínica e consulta de processos clínicos dos doentes internados no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Amato Lusitano, que reuniam os critérios de inclusão no estudo. Procedeu-se à estratificação de risco de acordo com o score elaborado pelo Capítulo de Vascular da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Geral e o score de Caprini. Verificou-se também a realização da profilaxia e a ocorrência de eventos tromboembólicos aos 3 meses de follow-up. Resultados: O estudo envolveu 86 doentes (52.3% do sexo feminino) com idade média aproximada de 63 anos. Dos antecedentes médico-cirúrgicos recolhidos, os mais comuns foram as veias varicosas (38.4%), a história pregressa ou actual de neoplasia (20.9%), a obesidade (18.6%) e história de tromboembolismo venoso (15.1%). Durante o internamento, 23.3% foram submetidos a cirurgias minor, 44.2% a major e 11.6% a laparoscópicas. De acordo com o score do Capítulo de Vascular da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Geral, 75.6% apresentam risco tromboembólico elevado. Segundo este, foi prescrita profilaxia a 77.1% dos doentes com indicação para a receber. Mediante o score de Caprini, 89.6% tinham risco elevado ou muito elevado, tendo sido prescrita profilaxia a 72.0% dos que necessitavam. No entanto, atitude profiláctica correcta verificou-se em 43.0% e 33.7%, mediante os scores usados, respectivamente. Aos 3 meses de follow-up, não ocorreu nenhum evento tromboembólico, não havendo significância estatística entre o grau de risco de acordo com o Capítulo de Vascular da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Geral ou o score de Caprini ou a administração de profilaxia e a ocorrência de eventos tromboembólicos (p = 1.000, p = 0.164 e p = 0.627, respectivamente). Discussão: A maioria dos doentes estudados tem elevado risco de tromboembolismo venoso, sendo maior ainda quando aplicado o score de Caprini. A profilaxia é prescrita na maioria dos casos, sendo estatisticamente significativo (p=0.0002 e p=0.01) que os grupos que recebem profilaxia são os que têm classificações de risco mais elevadas. No entanto, analisando-se as doses administradas, a atitude profiláctica adequada diminui percentualmente para cerca de metade. Contudo, os resultados apresentados parecem relativamente positivos quando comparados com outros estudos. Parece haver uma melhoria face à média portuguesa de utilização de profilaxia em doentes cirúrgicos, no Estudo ENDORSE. No entanto, mantém-se inferior à observada noutros países europeus. Não foram evidenciados eventos tromboembólicos aos três meses follow-up, talvez em parte, pelo carácter silencioso e inespecífico desta patologia e pela precocidade do follow-up.
Introduction: Venous thromboembolism (VTE) is assumed as a major cause of preventable morbidity and mortality in hospitalized patients, being a major public health problem. Surgery itself determines a prothrombotic state and there is a need for appropriate thromboprophylaxis according to risk stratification of these patients. Despite good evidence of cost-benefit and the created guidelines and risk assessment models, prophylaxis remains underused. With this work, it is proposed to stratify risk of VTE in surgical patients, and to verify the use of prophylaxis and occurrence of thromboembolic events at 3 months of follow-up. Material and Methods: From November 9 to December 9, 2009, data was gathered from a clinical interview and review of medical files of patients in the Department of General Surgery at Hospital Amato Lusitano, who met the criteria for inclusion in this study. Risk was stratified according to the score prepared by the Vascular Chapter of the Portuguese Society of General Surgery and the Caprini score. Use of prophylaxis and occurrence of thromboembolic events were verified at 3 months of follow-up. Results: This study involved 86 patients (52.3% female) with a mean age of approximately 63 years. The most common findings of medical or surgical background are varicose veins (38.4%), current or previous neoplasia (20.9%), obesity (18.6%) and history of venous thromboembolism (15.1%). During hospitalization, 23.3% underwent a minor surgery, 44.2% a major surgery and 11.6% a laparoscopic surgery. According to the score of the Vascular Chapter of the Portuguese Society of General Surgery, 75.6% have high thromboembolic risk. Prophylaxis was prescribed to 77.1% of patients with indication to receive it. According to the Caprini score, 89.6% had high or very high risk and prophylaxis was prescribed to 72.0% of patients that needed it. But accordingly to the scores used, a correct prophylactic attitude was seen in 43.0% and 33.7%, respectively. At 3 months follow-up, there were no thromboembolic events, without statistical significance between degree of risk according to the Vascular Chapter of the Portuguese Society of General Surgery or the Caprini score or prophylaxis use and occurrence of thromboembolic events (p = 1.000, p = 0164, p = 0.627, respectively). Discussion: Most patients have a high risk of venous thromboembolism, being higher when the Caprini score is applied. Prophylaxis is prescribed in most cases, being statistically significant (p = 0.0002 and p = 0.01) that groups receiving it have higher risk classifications. However, analyzing used doses, the appropriated prophylactic attitude decreases to about half. Still, results seem relatively positive when compared with other studies. It seems to be an improvement over the Portuguese average prophylaxis use in surgical patients in the ENDORSE study. However, it remains lower than in other European countries. No thromboembolic events were seen at three months follow-up, perhaps partially because of the silent and non-specific nature of this disease and early follow-up.