Autor(es):
Cavichi, Lucas V. ; Fernandes, Ângela ; Liberal, Ângela ; Canan, Cristiane ; Amaral, Joana S. ; Barros, Lillian
Data: 2021
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10198/24922
Origem: Biblioteca Digital do IPB
Projeto/bolsa:
info:eu-repo/grantAgreement/FCT/6817 - DCRRNI ID/UIDB%2F00690%2F2020/PT;
Descrição
Nos últimos anos tem-se verificado um crescente interesse por plantas silvestres, dada a sua composição rica em nutrientes. Commelina erecta, popularmente conhecida como trapoeraba ou erva de santa-luzia, é oriunda de países tropicais, sendo atualmente descrita como Planta Alimentícia Não Convencional (PANC)1. Inúmeros estudos reportaram os seus efeitos benéficos para a saúde, funcionando como antiviral, anti-hemorrágico e antimicrobiano, sendo ainda consumida em saladas e pós cocção1. O presente estudo teve por objetivo avaliar a composição nutricional (lípidos, proteína, cinzas, ácidos gordos e ácidos orgânicos) de diferentes partes comestíveis da planta, nomeadamente do caule e folhas de C. erecta, tendo ambos sido colhidos durante e após floração da planta. Procedeu-se ainda à avaliação da atividade antioxidante nos extratos aquosos medindo a inibição da peroxidação lipídica usando o ensaio de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). A composição proximal foi avaliada segundo os procedimentos oficiais da AOAC. Os ácidos orgânicos foram determinados por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a um detector de fotodíodos (HPLC-DAD) e os ácidos gordos por cromatografia gasosa e deteção de ionização de chama (GC-FID). Em ambos os períodos de colheita, verificou-se um teor de proteína significativamente superior nas folhas comparativamente aos caules. No pós-floração, observou-se um aumento de 8x e 15x do teor de lípidos do caule e folhas, respetivamente. Os ácidos gordos (AG) polinsaturados foram o grupo predominante em todas as amostras (44.8-62.8%), sendo o ácido α-linolénico o maioritário nas folhas e o linoleico nos caules. Após a floração, verificou-se um aumento de AG saturados e decréscimo de monoinsaturados nos caules, ocorrendo o oposto nas folhas. A amostra que apresentou um perfil de AG mais adequado do ponto de vista nutricional foram as folhas colhidas após floração. No que respeita os ácidos orgânicos, em todas as amostras o shikímico foi o maioritário, seguido pelo ascórbico, oxálico e málico. No que respeita a avaliação da atividade antioxidante, foram observadas diferenças significativas entre as amostras avaliadas, sendo amostra de caule pós floração apresentou a melhor atividade com um valor de EC50 de 43 ± 1 μg/mL. De uma maneira geral, os resultados obtidos indicam que os caule e folhas de C. erecta podem ser uma fonte vegetal relevante de nutrientes e compostos antioxidantes, confirmando o interesse da sua inclusão na dieta como PANC.
Agradecimentos: Os autores agradecem à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT, Portugal) pelo apoio financeiro dos fundos nacionais FCT / MCTES ao CIMO (UIDB/00690/2020) e ao projeto UTFPR / IPB 01 / 2019-2020-85 “Avaliação da composição química e atividade biológica de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) com vista à sua valorização ”. L. Barros e A. Fernandes agradecem ainda o financiamento nacional da FCT, P.I. através do contrato-programa de emprego científico institucional