Description
A dieta das clarissas do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha de Coimbra (séculos XIV a XVII) foi caracterizada através da realização de análises de isótopos estáveis de carbono (δ13C) e de azoto (δ15N) no colagénio ósseo de 28 esqueletos humanos. Confrontaram-se os resultados obtidos com dados históricos, carpológicos e zooarqueológicos. Os valores observados de δ13C (entre −18,3 ‰ e −16,5 ‰) e de δ15N (entre 11,6 ‰ e 13,6 ‰) sugerem uma alimentação homogénea, baseada em alimentos terrestres, sobretudo plantas C3 e animais que consomem essas plantas, provavelmente complementada com plantas C4, incluindo também alimentos marinhos e/ou recursos de água doce. O grande contributo de proteína animal revela que esta comunidade não terá seguido as regras de abstinência alimentar, algo corroborado historicamente pela prévia autorização dada pelas autoridades religiosas, aparentemente como forma de contornar as condições precárias do mosteiro, consequência das constantes cheias do rio Mondego.