Author(s):
Charneca, Rui ; Lopes, Jordana ; Ramos, Catarina ; Martins, José Manuel ; Payan-Carreira, Rita ; Laranjo, Marta ; Braz, Maria ; Branco, Sandra ; Carreira, Emanuel ; Ferreira, Joana ; Camarate, Diogo ; Pereira, João ; Guerreiro, Luís ; Bettencourt, Elisa
Date: 2025
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/39204
Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora
Description
Os suínos machos de raça Alentejana são normalmente abatidos a idade e peso elevado e, por isso, sujeitos a orquiectomia para evitar os odores e sabores “a macho”, consequência da deposição de androstenona e escatol na gordura, o que acontece a partir da puberdade. Este tipo de orquiectomia eletiva tem sido objeto de diversas ações a nível da União Europeia tendo em vista a sua proibição, atendendo aos seus efeitos negativos sobre o bem-estar animal. Nesse sentido a imunocastração (IMC) surge como alternativa ao processo cirúrgico. No âmbito do projeto SUMO: Sustentabilidade do Montado está em curso um estudo sobre a eficácia e efeitos da imunocastração de machos de raça Alentejana com o objetivo de disponibilizar aos criadores protocolos testados para esta raça e sistema de produção. Foram usados 30 machos de raça Alentejano monitorizados entre os 5 e os 14 meses (~52Kg aos ~191kg de peso vivo). Constituíram-se 3 grupos experimentais de 10 animais cada: Grupo C – controlo com animais submetidos a orquiectomia; Grupo IMCP – animais submetidos a um protocolo de IMC precoce com 4 administrações de Improvac® (análogo do fator de libertação da gonadotrofina, GnRH) iniciado aos 5 meses de idade; Grupo IMCT – animais submetidos a um protoloco de IMC tardia com 3 administrações de Improvac® iniciado aos 10 meses de idade. Os suínos foram alojados por grupo em parques ao ar livre, contando cada um com uma área por animal superior a 100m2, um abrigo coletivo, 10 postos de alimentação com comedouro e bebedouro individual, que permitiram a contenção individual dos suínos aquando do fornecimento e consumo da alimentação. Seguiram um esquema de alimentação idêntico à produção de animais destinados à montanheira, com um período de restrição alimentar prévio à engorda. Foram realizadas pesagens mensais até ao abate dos animais. Os dados foram sujeitos a uma análise de variância (ANOVA) com a utilização do programa SPSS ®. Entre o início do ensaio e o início do efeito do Improvac (considerado começar à 2ª administração) observaram-se diferenças significativas no desempenho produtivo entre grupos com os ganhos médios diários (GMD) significativamente maiores (p<0,001) e os índices de conversão (IC) significativamente menores (p<0,001) nos grupos IMCP e IMCT comparativamente aos animais do grupo C. No entanto, considerando a totalidade do ensaio, não se registaram diferenças significativas (p>0,05) nos ganhos médios diários (C=480g/d; IMCP = 480g/d e IMCT = 483g/d) nem nos índices de conversão (C=4,82; IMCP=4,80; IMCT=4,74) entre os 3 grupos experimentais. Os dados obtidos neste estudo indicam que, globalmente, a imunocastração não teve efeitos significativos no desempenho produtivo dos animais. No âmbito deste projeto estão em curso avaliações e análises adicionais tendo com vista: i) avaliar a presença/ausência de androstenona e/ou escatol na gordura; ii) testar a qualidade da carne e da gordura e iii) realizar avaliações sensoriais da carne para verificação de todos os potenciais efeitos da imunocastração dos machos desta raça criados em condições de campo.