Author(s):
Virella, Daniel ; Folha, Teresa ; Braz, Paula ; Machado, Ausenda ; Cadete, Ana ; Calado, Eulalia ; Matias Dias, Carlos
Date: 2023
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.18/8867
Origin: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Subject(s): Paralisia Cerebral; Anomalias Congénitas; Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral; Portugal; Estados de Saúde e de Doença; Portugal
Description
Introdução e objectivos: A paralisia cerebral (PC) é um complexo clínico com múltiplas causas e quadros clínicos muito variados. As malformações congénitas (MC) encefálicas são reconhecidas como causa de PC. No entanto, estudos recentes chamam a atenção para a associação da presença de MC com a gravidade e complexidade da PC. Apresenta-se a evidência desta associação nas crianças com PC residentes em Portugal. Metodologia: Foi realizado o cruzamento de dados do Registo Nacional de Anomalias Congénitas e do Programa de Vigilância Nacional de Paralisia Cerebral para complementar a informação sobre MC. Analisaram-se crianças com PC nascidas entre 2001 e 2014. Foram caracterizadas as MC de acordo com a CID-10, seguindo os critérios EUROCAT. Exploraram-se associações entre as formas clínicas da PC e a presença ou grupo de malformações congénitas. Resultados: Foi identificada alguma MC em 526/2066 das crianças com esta informação (25,5%; IC95% 23,6-27,4); 197 crianças tinham múltiplas MC (9,5%; IC95% 8,3-10,9). A prevalência de MC nas crianças com PC é muito superior à da população em geral; a MC do SNC é a mais frequente (15%; IC95% 13,7-16,8), seguida da cardíaca (4,4%; IC95% 3,6-5,3) e de síndromes de causas externas (3%; IC95% 2,5-4,0). Não ter MC confere uma possibilidade 2,2 vezes superior de não ter nenhum indicador de complexidade de PC (Odds Ratio 2,2; IC95% 1,64-3,02). A análise estratificada identifica a MC do SNC como o factor mais importante de complexidade na presença de MC múltipla. Conclusão: A presença de MC associa-se a risco de maior gravidade e/ou complexidade da PC, mesmo quando não seja causa direta da PC. Este risco é maior na presença de malformações do SNC. Este facto deve ser tido em conta ao avaliar o prognóstico e na programação do acompanhamento multidisciplinar.