Author(s):
Franco, José Eduardo ; Calafate, Pedro ; Garcia, Mário
Date: 2014
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.2/9525
Origin: Repositório Aberto da Universidade Aberta
Subject(s): Padre António Vieira; António Vieira, S.J., 1608-1697; Sermões; Páscoa; Pentecostes; Espírito Santo; Eclesiologia
Description
A Páscoa e o Pentecostes são referências que constam na titulação dos sermões. Mas, realmente, que terão a ver com o Pentecostes os sermões das domingas décima sexta, décima nona e os dois da vigésima segunda depois dessa solenidade litúrgica? Podíamos considerar dois núcleos de irradiação simbólica: a madrugada (valde mane) em que as mulheres vão ao sepulcro vazio (Nossa Senhora não vai!) e o fogo (ignis) que se reparte para o mundo inteiro. Estes movimentos não são só exteriores, mas de intensidade: saudosa, centrípeta, como a de quem procura ou se deixa encontrar; e jubilosa, centrífuga, como a de quem parte e encontra o campo da missão das dispertitae linguae. O caminho luminoso do Sol, Cristo Ressuscitado, uma espécie de via láctea diurna, vai e vem num contínuo crescendo.Estes sermões são textos de luz, de graça e de alegria. Um deles ensina até “a arte de não estar triste” (o “Sermão da quarta dominga da Páscoa”); outro fala das minas de esmeraldas da alma; outro, dos “escrúpulos” (o “Sermão da dominga vigésima segunda post Pentecosten”); outro sugere um dilúvio de lágrimas de oiro na Ascensão de Cristo; outro… Enfim, reflexos, estrelas, maravilhas. São muito profundas e belas as aproximações que o Padre Vieira faz entre a fé e a caridade, entre o ver e o tocar, entre sentir e consentir, entre correr e ficar, entre Deus e o Homem.