Descrição
As ações de controle e vigilância da esquistossomose dos Programas de Controle da Esquistossomose (PCE) têm grande relevância, em especial em contextos de grandes intervenções ambientais como o Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), que afetará a dinâmica de transmissão. O objetivo desse estudo foi avaliar o desenvolvimento das ações do PCE em municípios da região Sul do Estado do Ceará que serão diretamente impactados pelo PISF. Foi aplicada a metodologia proposta por Quinino (2009), sendo verificadas as seguintes dimensões: estrutura (física e de recursos humanos), processos de trabalho e contexto político. A Região do Cariri foi inserida por ser de extrema importância como a primeira a receber as águas do PISF no Ceará. Foram selecionados os municípios de Jati, Brejo Santo, Mauriti e Aurora. Em 2010, foram realizados 948 exames de fezes (Kato-Katz) nessa região, com 2 casos positivos (0,21%); em 2011 foram 109 exames, todos negativos. Entre 2012 e 2014 não foi houve desenvolvimento de ações. Em 2015, dos 124 exames realizados, 11 foram positivos (8,9%). Esse aumento de casos provavelmente deveu-se à migração de trabalhadores oriundos de estados endêmicos para a esquistossomose (PE, PB, MG, entre outros), que têm buscado nessa região os postos de trabalho abertos pelas obras do PISF, além da Transnordestina e do Projeto Cinturão das Águas. Em virtude de a maioria dos casos ser, provavelmente, importada e da insuficiência de recursos humanos e financeiros; o interesse dos gestores locais na implementação do programa é limitado. Ações programadas pela esfera estadual ocorreram isoladamente, por demandas espontâneas oriundas de projetos que envolvem a área supracitada, muitas vezes sem grande envolvimento a nível municipal. As ações do PCE, nessa região, têm sido conduzidas de forma limitada pelos gestores municipais, sendo necessária maior mobilização da sociedade sobre a relevância e o risco da esquistossomose, com potencial impacto na morbimortalidade.