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O Estudo da Cerâmica Islâmica na Construção da História do Garb al-Andalus


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Quando Abel Viana publica “Algumas Noções Elementares de Arqueologia Prática”, com referências à «Época Árabe» e imagens de achados de cerâmica muçulmana no Castro da Cola (Beja), estava-se ainda longe do arranque de uma arqueologia islâmica em Portugal. Esporádicas referências e chamadas de atenção para objectos da cultura muçulmana haviam sido registadas antes, no séc. XIX, por Leite de Vasconcelos, Estácio da Veiga e António dos Santos Rocha, sem que significassem o início de um verdadeiro interesse por este período histórico. De facto, após 1974 inicia-se timidamente a expansão da arqueologia medieval, tanto nas intervenções de campo, como em laboratório e, com hesitações sucessivas, ao nível do ensino. No que à arqueologia islâmica diz respeito, os avanços foram ainda mais lentos. Em Évora, tem lugar um encontro entre estudantes e professores em torno da cultura material do al-Andalus, entre os quais figurava Juan Zozaya. Ao transmitir a experiência de uma já pujante arqueologia islâmica em Espanha, Zozaya forneceu um importante impulso aos jovens que se interessavam pela investigação deste período. Será nos anos 80, com as intervenções em meio urbano (Lisboa, Silves, Mértola), que se firma o interesse pela arqueologia islâmica e se começa a compreender o seu potencial para a construção de uma nova História medieval do território português. O reconhecimento da cerâmica como elemento material de eleição para a arqueologia islâmica viria a motivar a organização em Lisboa, em 1987, do “IV Encontro sobre Cerâmica Medieval no Mediterrâneo Ocidental”, pelo novel Campo Arqueológico de Mértola. A percepção pública do potencial arqueológico islâmico de Mértola irá estimular o apoio do Estado e das autarquias a campanhas de escavação nunca antes almejadas.

Document Type Journal article
Language Portuguese
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