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Alcohol Use Disorder


Description

Alcohol-use disorders (AUD) are a serious public health problem with significant social and economic impact. It is therefore important to discuss the need for a paradigm shift regarding the approach and treatment of AUD. The 5th edition of the «Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders» (DSM-V) discarded the distinction between harmful alcohol use and alcohol dependence, integrating these concepts into AUD, defined as a pattern of harmful alcohol consumption that leads to weakened health status and clinically significant distress.Alcohol misuse is a threat to global public health and is a major cause of mortality and morbidity. According to the WHO report, in 2011, excessive alcohol consumption accounted for 5.9% of all global deaths (about 3.3 million deaths) and 5.1% of the global burden of disease (as measured in disability-adjusted life years). In Europe the annual alcohol consumption per capita was 10.9 liters of pure alcohol, higher than the world average (6.2 liters of pure alcohol), whereas Portugal presented an annual consumption per capita of 12.9 liters of pure alcohol. The prevalence of AUD in Portugal, in 2010, was 5.8%, which was below the average for the WHO European Region (7.5%). It should be noted that, in Europe, alcohol use is the third leading risk factor of disease and premature death, following smoking and high blood pressure. A Portuguese study showed that about 3.8% of mortality is attributable to alcohol consumption, with higher incidence in men (5.6%) than in women (1.8%). Alcohol is responsible for a large number of diseases and health problems, and also for a high incidence of years of life lost at younger ages in traffic accidents. Alcohol use has also a hazardous effect to both consumer and others, as it has been shown that there is an association between alcohol use and the prevalence of crime in different social contexts. Furthermore, AUD is also a condition associated with high health costs. In Portugal it was estimated a total of costs of 1 916 million euros in outpatient and hospitalization health care for alcohol related illnesses in 2005. Nevertheless, the percentage of individuals receiving treatment for this condition remains low, since it is estimated that only 8% of patients with alcohol dependence in Europe are treated. One of the main barriers to the treatment is the patients’ reluctance to commit to abstinence, and, on the other hand, abstinence programs have a reduced effectiveness, with 70% to 80% relapses within the first year after treatment. Recent guidelines recommend intervention strategies that focus on reducing harmful drinking and the minimization of problems linked to alcohol use and alcohol misuse. These are possible alternatives to programs that aim for abstinence, especially in situations when patients´ monitoring is, to some degree, dependent of alcohol use.Overall, intervention in harmful alcohol use will improve national indicators regarding the number of years of healthy life and will have a strong positive social impact, as the episodes of domestic violence, homicides, traffic accidents and injuries caused under the influence of alcohol should decrease. Nonetheless, it is necessary to focus on prevention strategies, particularly amongst young people, to effectively combat the negative effects of alcohol misuse in society. In order to tackle this challenge, it is important to prepare primary health care with the means necessary for early AUD detection and adequate response to the needs of patients. Additionally, the implementation of strategies and comprehensive policies, involving the state, society, health professionals and patients is critical for a successful approach. On the other hand, it must be ensured that the availability, sale, access and use of alcohol are safe and that harmful alcohol use is not encouraged, by providing proper education, implementing appropriate regulation and supervision of alcohol use. This reflection meeting has called attention to the need to position AUD on the political agenda as a major public health problem in Portugal.

As perturbações do uso do álcool constituem, pela sua prevalência e transversalidade, um problema de saúde pública grave, com um impacto social e económico significativo, motivos pelos quais importa discutir a necessidade de uma mudança de paradigma na abordagem e tratamento da Perturbação do Uso do Álcool (PUA).A 5ª edição do «Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders» (DSM-V) abandonou a distinção entre consumo nocivo e dependência de álcool, procedendo à sua integração numa designação - PUA. Esta é definida como um padrão de consumo de álcool prejudicial, que conduz a uma debilitação do estado de saúde e a sofrimento clinicamente significativo.O consumo excessivo de álcool representa uma ameaça à saúde pública mundial, constituindo uma das principais causas de mortalidade e morbilidade. Segundo o relatório da OMS, no ano de 2011, o consumo excessivo de álcool foi responsável por 5.9% de todas as mortes globais (cerca de 3.3 milhões de mortes) e por 5.1% da carga global de doença (avaliada em disability-adjusted life years). Na Europa regista-se um dos maiores consumos anuais de álcool per capita (10,9L de álcool puro) em relação à média mundial (6,2L de álcool puro), com Portugal a apresentar um consumo anual de 12,9L. A prevalência de PUA em Portugal no ano de 2010 foi de 5,8%, sendo inferior à média da Região Europeia da OMS (7,5%). Importa salientar que na Europa o consumo de álcool representa o terceiro principal fator de risco de doença e de morte prematura, superado apenas pelo tabagismo e hipertensão arterial.A nível nacional, um estudo realizado com dados de 2005 demonstrou que cerca de 3.8% da mortalidade é atribuível ao consumo de álcool, com maior incidência nos homens (5,6%) do que nas mulheres (1,8%). O álcool é responsável pela ocorrência de um elevado número de patologias e problemas de saúde, verificando-se também uma elevada incidência de anos de vida perdidos em idades mais jovens por acidentes rodoviários. O consumo de álcool encontra-se igualmente associado a danos que afetam tanto o indivíduo que consome como terceiros, havendo evidência de associação entre o consumo de álcool e a prevalência da criminalidade nos diferentes contextos sociais: laboral, viação e familiar.A PUA é uma patologia associada a elevados custos em saúde, tendo sido estimado em Portugal um total de 1916 milhões de euros no âmbito de cuidados de saúde em ambulatório e internamento, por doenças relacionadas com o álcool, no ano de 2005.Não obstante, a percentagem de indivíduos com esta doença que recebe tratamento permanece ainda reduzida, estimando-se que apenas 8% dos doentes com dependência de álcool na Europa são tratados. Uma das principais barreiras ao tratamento é a relutância de muitos doentes se comprometerem com a abstinência, além de que os programas de abstinência apresentam uma reduzida efetividade, com 70% a 80% de recaídas no decurso do primeiro ano após o tratamento.As recomendações recentes sugerem estratégias de intervenção com maior enfoque na redução de consumos de risco e minimização dos problemas relacionados com o uso e abuso de álcool, podendo constituir uma opção válida enquanto alternativa adicional aos programas orientados sobretudo para a abstinência, especialmente quando o prosseguimento do acompanhamento do doente está dependente da continuação do consumo de álcool.Globalmente, a intervenção no consumo nocivo de álcool permitirá melhorar os indicadores nacionais no que diz respeito ao número de anos de vida com saúde, tendo também um impacto social positivo significativo, nomeadamente na diminuição das situações de crime de violência, homicídios, acidentes rodoviários e ferimentos causados sob o efeito do álcool. Importa reforçar que o combate efetivo aos efeitos negativos do consumo excessivo do álcool na sociedade apenas poderá ser feito mediante uma forte aposta na prevenção, nomeadamente junto dos jovens.Por forma a fazer face a este desafio, é necessário capacitar os cuidados de saúde primários para a deteção precoce da PUA e resposta adequada às necessidades dos doentes. Reveste-se de especial importância a implementação de estratégias e políticas abrangentes, com envolvimento do estado, sociedade, profissionais de saúde e doentes. Por outro lado, deve assegurar-se que a disponibilização, venda, acesso e consumo de álcool no mercado seja feita de forma segura e não indutora de consumo de risco e nocivo, através de educação, regulação, regulamentação e fiscalização adequadas. A reunião de reflexão permitiu evidenciar a necessidade de colocar a problemática da PUA na agenda política como um dos principais problemas de saúde pública em Portugal.

Document Type Journal article
Language Portuguese
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