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Anelídeos poliquetas como isco vivo: caracterização da actividade de apanha em ambientes salobros costeiros portugueses

Author(s): Fidalgo e Costa, P ; Sá, E ; Alves, AS ; Cabral, S ; Castro, N ; Picard, D ; Castro, JJ ; Cancela da Fonseca, L ; Chainho, P ; Canning-Clode, J ; Pombo, AM ; Costa, JL

Date: 2017

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/20882

Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora

Subject(s): Sistemas salobros; Apanha de isco vivo; Gestão costeira; Recursos biológicos


Description

A captura de isco vivo para a pesca, efetuada em sedimentos intertidais, tem aumentado em todo o Mundo, pois face ao incremento da procura, constitui uma importante fonte de rendimento para as populações que vivem junto à costa. Macroinvertebrados, tais como, moluscos, crustáceos e anelídeos poliquetas, entre outros, são capturados em muitos sistemas estuarinos portugueses, sendo a dimensão real das capturas subestimada. Este é o caso das capturas de anelídeos poliquetas para utilização, quer como isco vivo, quer como suplemento alimentar em atividades de aquacultura. Com o intuito de estimar o esforço da apanha de isco, espécies-alvo, técnicas e ferramentas utilizadas nesta atividade e as características dos apanhadores (número, idade e género), foram escolhidos como locais de estudo os estuários do Tejo e do Sado e as Rias de Aveiro e Formosa, no âmbito do projeto “Anelídeos Poliquetas como Isco Vivo em Portugal: Gestão da Apanha, Importação e Cultivo”, financiado pelo Programa PROMAR. Os resultados obtidos nestes sistemas mostraram que: i) os apanhadores de moluscos bivalves foram claramente maioritários no Estuário do Tejo e nas Rias de Aveiro e Formosa. No Estuário do Sado, o número de apanhadores que procuravam anelídeos poliquetas para isco foi muito semelhante ao número de apanhadores que se dedicavam a outras capturas; ii) os anelídeos poliquetas foram o grupo alvo de 28,8% e 14,9% dos apanhadores no Estuário do Sado (dias úteis e não úteis, respetivamente), 10,4% na Ria de Aveiro, 2,4% na Ria Formosa e 0,5% no Estuário do Tejo (apenas em dias úteis); iii) na Ria de Aveiro, no Estuário do Tejo e na Ria Formosa, a espécie Diopatra neapolitana (“casulo”), foi o isco mais procurado, enquanto no Estuário do Sado a espécie Marphysa sanguinea (“ganso”), foi claramente dominante; iv) a captura da espécie Hediste diversicolor, vulgarmente designada por minhocada- lama, outrora preponderante, parece ser agora marginal nas capturas; v) apenas no Estuário do Sado se verificou ser relevante a captura por apanhadores do sexo feminino, principalmente durante os dias úteis. Globalmente, a baixa incidência da procura de anelídeos poliquetas como isco vivo poderá dever-se ao facto de ser mais rentável a apanha de moluscos bivalves (amêijoajaponesa, Ruditapes philippinarum) e, no caso da minhoca-dalama, à concorrência do isco importado. Além dos efeitos diretos nas populações das espécies exploradas, a apanha intertidal de anelídeos poliquetas tem fortes impactos indiretos provocados pelo pisoteio e revolvimento de grandes extensões de sedimento, influenciando de forma significativa, tanto os ciclos biogeoquímicos, como as comunidades biológicas estuarinas. Deste modo, é fundamental a implementação de uma gestão racional a uma escala nacional desta atividade, designadamente através de restrições espaciais e temporais que contribuam para a sua sustentabilidade.

Document Type Journal article
Language Portuguese
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