Autor(es):
Guincho, Joana ; Baptista, Luís ; Sousa, Carlota ; Rodrigues, Beatriz ; Santos, Ricardo ; Colaço, Tiago ; Lança, Beatriz ; Cabral, Rui ; Nunes, Gonçalo ; O’Neill, Assunção ; Escada, Pedro
Data: 2025
Origem: Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia-Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Assunto(s): Otite média crónica colesteatomatosa; surdez de condução; surdez mista; reabilitação auditiva; Bone Anchored Hearing Aid; otorreia; qualidade de vida; Chronic cholesteatomatous otitis media; conductive hearing loss; mixed hearing loss; auditory rehabilitation; Bone Anchored Hearing Aid; otorrhea; quality of life
Descrição
Introduction: The treatment of chronic cholesteatomatous otitis media (CCOM) is surgical and may require an open technique mastoidectomy. Hearing loss resulting from the disease and/or its surgical removal is traditionally corrected with tympanoplasty or conventional hearing aids, but other options are available, such as the Bone Anchored Hearing Aid (BAHA). Objective: To evaluate the functional outcomes and impact on the quality of life of patients with CCOM rehabilitated with BAHA. Material and Methods: All patients with CCOM who underwent auditory rehabilitation with BAHA in 2022 and 2023 at a Tertiary Hospital Center were included. Demographic data, surgical interventions performed for CCOM, pre- and post-implantation tonal and speech thresholds, type of anesthesia used, and complications associated with the procedure were collected. The impact on quality of life was assessed using the Nijmegen Cochlear Implant Questionnaire (NCIQ) validated for European Portuguese. Results: Eight patients, seven female, with a mean age of 56 years, were rehabilitated with unilateral BAHA (a total of 8 ears) due to conductive hearing loss (1 patient) or mixed hearing loss (7 patients). All rehabilitated ears had undergone an open technique mastoidectomy for CCOM surgical treatment. All implanted BAHA devices were percutaneous.Before implantation, the average tonal threshold of the nine patients was 87 dB, and the mean audiometric Rinne was 45 dB. The preoperative mean speech recognition threshold (SRT) was 69 dB. After implantation, the mean tonal thresholds improved to 38 dB, with an average tonal threshold improvement of 49 dB. The postoperative SRT mean was 32 dB.Four patients presented skin alterations classified as grades 1 and 2 according to the Holgers classification, and there was one case of spontaneous pillar extrusion.The average overall satisfaction score on the NCIQ was 79.36. The subdomains with the highest mean scores were speech production (86.25) and advanced sound perception (84.9). The self-esteem subdomain had the lowest mean score (66.48). Conclusion: Auditory rehabilitation with BAHA proved effective in improving hearing thresholds and quality of life in CCOM patients who underwent open technique mastoidectomy, making it a valid option for their auditory rehabilitation. Cutaneous complications with percutaneous BAHA are frequent, highlighting the importance of skin care and monitoring around the pillar area.
Introdução: O tratamento da otite média crónica colesteatomatosa (OMCC) é cirúrgico e pode implicar a realização de uma mastoidectomia técnica aberta. A hipoacusia resultante da doença e/ou da sua remoção cirúrgica é tradicionalmente corrigida por timpanoplastia ou prótese auditiva convencional, mas existem outras opções nomeadamente o Bone Anchored Hearing Aid (BAHA). Objetivo: Avaliar os resultados funcionais e o impacto na qualidade de vida dos doentes com OMCC reabilitados com BAHA. Material e métodos: Foram incluídos todos os doentes com OMCC submetidos a reabilitação auditiva com BAHA em 2022 e 2023 num Centro Hospitalar Terciário. Foram recolhidos dados demográficos, intervenções cirúrgicas realizadas no contexto da OMCC, limiares tonais e vocais antes e após a implantação com BAHA, tipo de anestesia utilizada e complicações associadas ao procedimento. O impacto na qualidade de vida foi avaliado através da aplicação da Escala Nijmegen Cochlear Implant Questionnaire (NCIQ) validada para português europeu. Resultados: Oito doentes, 7 do sexo feminino, com idade média de 56 anos, foram reabilitados com BAHA unilateral (total 8 ouvidos), por surdez de condução (1 doente) ou do tipo misto (7 doentes). Todos os ouvidos reabilitados tinham sido submetidos a mastoidectomia técnica aberta para tratamento cirúrgico da OMCC. Todos os BAHA colocados foram do tipo percutâneo. Antes da implantação o limiar tonal médio dos 8 doentes foi de 87dB e o Rinne audiométrico médio de 45dB. A média pré-operatória do speech recognition threshold (SRT) foi de 69dB. Após a implantação os limiares tonais médios passaram para 38dB, com melhoria do limiar tonal médio de 49dB. A média do SRT pós-operatório foi de 32dB. Quatro doentes apresentaram alterações cutâneas, correspondendo aos graus 1 e 2 da classificação de Holgers. A média da satisfação global do NCIQ foi 79,36. Os subdomínios com melhor pontuação média foram o de produção da fala (86,25) e o de perceção avançada do som (84,9). O subdomínio de autoestima foi o que apresentou o valor médio mais baixo (66,48). Conclusão: A reabilitação auditiva com BAHA mostrou-se eficaz na melhoria dos limiares auditivos e da qualidade de vida dos doentes com OMCC submetidos a mastoidectomia técnica aberta, sendo uma opção válida na reabilitação auditiva destes doentes. Complicações cutâneas dos BAHA percutâneos são frequentes pelo que o cuidado e vigilância da pele na zona do pilar é essencial.