Autor(es):
Santos, Maria Manuel ; Sousa-Uva, Mafalda ; Namorado, Sónia ; Gonçalves, Teresa ; Matias Dias, Carlos ; Gaio, Vânia
Data: 2023
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.18/8717
Origem: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Assunto(s): Doenças Cardiovasculares; Risco Cardiovascular; SCORE2; INSEF; Estados de Saúde e de Doença; Portugal
Descrição
Introdução: As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte globalmente. A estimativa do risco cardiovascular (RCV) é útil para a prevenção precoce através da identificação dos indivíduos com necessidade de intervenção no estilo de vida e, eventualmente, na terapêutica medicamentosa. De acordo com um estudo prévio realizado na população portuguesa, que utilizou o Systematic Coronary Risk Evaluation (SCORE), a estimativa do risco a 10 anos de doença cardiovascular fatal na população portuguesa foi 17,1%. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo estimar e caraterizar o RCV a 10 anos em Portugal, no ano de 2015, nos indivíduos com idade entre os 40 e 69 anos, utilizando o novo SCORE2 desenvolvido em 2021, pela Sociedade Europeia de Cardiologia. Metodologia: Foram usados os dados gerados pelo 1º Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015) considerando como critérios de inclusão à data do inquérito: idade entre os 40 e 69 anos, ausência de gravidez, informação disponível sobre o sexo, idade, consumo de tabaco, pressão arterial sistólica, colesterol total e lipoproteína de alta densidade. Foram excluídos da análise os participantes com as seguintes doenças ativas: doença cardiovascular, diabetes, doença renal crónica, ou com terapêutica medicamentosa para enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabetes e doença renal crónica (n = 2817). A prevalência de RCV alto ou muito alto foi estratificada por sexo, grupo etário, estado civil, nível de escolaridade, atividade profissional, grau de urbanização, região de residência e quintil de rendimento. Resultados: Em Portugal, no ano de 2015, 36,7% (IC95%: 34,2 a 39,0) e 6,1% (IC95%: 4,9 a 8,0) dos indivíduos com idades compreendidas entre os 40 e os 69 anos tinha um RCV alto e muito alto, respetivamente. A prevalência de risco cardiovascular alto ou muito alto era superior nos homens, entre os 60 e 69 anos, nos indivíduos sem escolaridade ou com o 1º ciclo do ensino básico e com baixa qualificação da atividade profissional (por exemplo: agricultores, trabalhadores da indústria e construção). Conclusões: Verificou-se uma elevada prevalência de risco alto ou muito alto de vir a desenvolver doença cardiovascular (fatal ou não fatal) nos 10 anos seguintes (42,8%) na população portuguesa com idade entre os 40 e os 69 anos, em 2015. Dada esta prevalência e considerando os grupos populacionais mais suscetíveis, é premente identificar precocemente e monitorizar estes indivíduos, nomeadamente, ao nível dos Cuidados de Saúde Primários, o que poderá contribuir para a redução da mortalidade e morbilidade por doença cardiovascular na população portuguesa.