Author(s):
Simão, Laurentino ; Marques, Bárbara ; Ferreira, Cristina ; Serafim, Sílvia ; Alves, Cristina ; Silva, Marisa ; Viegas, Mónica ; Peliano, Ricardo ; Brito, Filomena ; Bernardeco, Joana ; Cruz, Jader ; Pedro, Sónia ; Martins, Ana ; Tarelho, Ana ; Carvalho, Inês ; Cohen, Álvaro ; Correia, Hildeberto
Date: 2023
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.18/9158
Origin: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Subject(s): Diagnostico pré-natal; Deleção intersticial; 7q33q34; Doenças Genéticas
Description
Introdução: O acompanhamento de gestações gemelares pode revelar-se desafiante se houver alterações ecográficas e discrepâncias entre os fetos. Deleções intersticiais 7q, abrangendo diferentes regiões e apresentando tamanho variável, são raras, e encontram-se quase exclusivamente descritas em pós-natal. Objectivos: Apresentamos o caso de uma gestante, de 32 anos, com gravidez gemelar monocoriónica e diamniótica de 16 semanas, referenciada por bolsas jugulares bilaterais, crescimento no P10-P20 e discrepância no pico sistólico de velocidade da artéria cerebral média (PSV-ACM). Foi efetuada colheita de liquido amniótico para estudo por microarray cromossómico (CMA). Metodologia: Foi efeituado diagnóstico rápido de aneuploidias (DRA) por QF-PCR (Devyser®), ao que se seguiu CMA com array CytoScan 750K (Thermo Fischer®) e cariótipo. Resultados: O DRA revelou um resultado normal. O CMA permitiu a identificação de uma deleção intersticial com 9,0 Mb em 7q33q34 - arr[GRCh37] 7q33q34(133411316_142427027)x1. A alteração engloba 12 genes mórbidos. O cariotipo confirmou o resultado: 46,XX,del(7)(q32.3q34)dn. Após aconselhamento genético, o casal optou por interrupção da gestação. Conclusões: Deleções intersticiais na região 7q32 a 7q35 apresentam grande variabilidade fenotípica. As características mais comuns são: atraso de desenvolvimento e da linguagem, défice intelectual, dismorfias faciais e atraso de crescimento. Nos raros casos descritos com alterações cromossómicas parcialmente sobreponíveis ao caso em estudo, a CNV tem sido classificada como patogénica. No único caso com referência ao período pré-natal e com alteração quase totalmente sobreponível, descreve-se decréscimo de movimentos fetais, baixo peso à nascença, atraso de desenvolvimento, défice intelectual, dismorfias faciais e infeções múltiplas. A alteração cromossómica encontrada poderá explicar a relativa restrição de crescimento fetal, não tendo as bolsas jugulares, presentes em ambos os fetos e a discrepância PSV-ACM sido até agora descritos. Gestações com alterações ecográficas e CNVs, mas com reduzida bibliografia, são desafiantes na interpretação dos resultados a nível laboratorial e clínico. Só a descrição de mais casos permitirá um ganho de conhecimento em saúde.