Autor(es):
Ferreira, Filipa ; Leal, Inês ; Sousa, David ; Costa, Teresa ; Mota, Conceição ; Gomes, Ana Marta ; Lopes, Daniela ; Macário, Maria do Carmo ; Tavares, Isabel ; Pinto, Helena ; Oliveira, João Paulo ; Magriço, Rita ; Carmona, Célia ; Ramos, Sónia ; Neiva, Raquel, ; Marcão, Ana ; Vilarinho, Laura
Data: 2019
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.18/6395
Origem: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Assunto(s): Cistinose; Doenças Genéticas; Portugal
Descrição
A cistinose é uma doença metabólica multisistémica, autossómica recessiva caracterizada por uma acumulação de cistina em diferentes órgãos e tecidos devido a uma deficiência no transporte de cistina para o exterior dos lisossomas. O gene responsável pela doença, CTNS, está localizado no cromossoma 17 e codifica para uma proteína de membrana lisossomal, a cistinosina. Neste trabalho foram estudados doentes não relacionados provenientes das consultas de adultos e pediatria de diferentes hospitais de Portugal continental e ilhas, que apresentavam proteinuria não-nefrótica, hipercalciúria, hipocaliemia, hiperaminoacidúria, glicosúria e hipofosfatemia, sugestivo de síndroma de Fanconi e queixas oculares. Bioquimicamente, a cistina intraleucocitária foi quantificada, tendo-se igualmente efetuado a caracterização molecular do gene CTNS, inicialmente apenas direcionado para a pesquisa da deleção de 57-kb, seguida da sequenciação de todos os exões codificantes do gene CTNS. Desde 1998 a 2017, 21 doentes cistinóticos foram bioquimicamente caracterizados. Entretanto, 4 destes doentes faleceram e dos restantes 17, apenas 11 foram estudados para o gene CTNS. Verificouse que 5 destes 11 doentes foram homozigóticos para a deleção de 57-kb (10/22; 45,5%), e outros 5 foram compostos heterozigóticos para esta mutação (15/22; 68,2%). As outras mutações identificadas foram: p.Q128X (c.721 C>T; 2/22), p.S139F (c.755 C>T; 4/22) e c.18-21delGACT (p.T7FfsX7; 1/22). Todos estes 17 doentes cistinóticos estão em tratamento, sendo que 84% são adultos, 16% são crianças jovens e 54,5% são transplantados renais. Este estudo efetuado ao longo de vários anos, reflete a experiência no diagnóstico e monitorização dos doentes cistinóticos. Além disso, a caracterização das mutações encontradas no gene CTNS, ressalta a importância para um screening inicial da deleção de 57-kb e permite um futuro aconselhamento genético aos casais de risco.